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Brasil registra recorde de 1.161 desastres naturais em 2023

Eventos ligados a chuvas extremas causaram pelo menos 132 mortes e mais de 74 mil pessoas perderam seus lares

A cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul, inundada em 19 de novembro de 2023 (AFP Photo)

A cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul, inundada em 19 de novembro de 2023 (AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 17h37.

Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 17h48.

O Brasil registrou mais de 1,1 mil desastres naturais em 2023, mais de três por dia em média, um recorde que segundo especialistas está diretamente relacionado às mudanças climáticas.

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) documentou no ano passado um total de 1.161, principalmente inundações e deslizamentos de terra, um número sem precedentes desde o início dos registros, em 2011.

De acordo com o órgão, os eventos ligados a chuvas extremas causaram pelo menos 132 mortes, mais de 9 mil feridos, e mais de 74 mil pessoas perderam seus lares. Os danos materiais são estimados em mais de R$ 5 milhões.

“As mudanças do clima impactam diretamente o aumento da frequência e intensificação dos desastres”, explicou à AFP, nesta terça-feira, 23, o climatologista Francisco Eliseu Aquino, chefe do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo Aquino, tudo isso, combinado ao fenômeno meteorológico El Niño, gerou um aquecimento global adicional.

“Foi um ano ímpar em termos de recordes de temperatura, com ondas de calor e estiagem, e precipitações com inundação”, acrescentou.

Em particular, o especialista aponta as devastadoras inundações provocadas por um ciclone que deixou mais de 50 mortos no Sul do país, em setembro.

Em fevereiro de 2023, morreram também cerca de 60 pessoas por causa de deslizamentos de terra no litoral do estado de São Paulo. Em contraste, outras regiões do país foram afetadas por uma seca histórica, especialmente na região da Amazônia.

“O ano de 2023 foi peculiar em relação ao clima. Em meados do ano houve uma transição rápida do fenômeno La Niña para o El Niño”, dois fenômenos opostos, indicou Regina Alvalá, diretora do Cemaden, citada no comunicado.

“Os índices de chuva registrados em 2023 foram muito superiores no Sul e inferiores no Norte e Nordeste”, acrescentou.

As mudanças climáticas também contribuíram, segundo a especialista: “O oceano mais quente significa mais vapor d'água na atmosfera e, por consequência, provoca chuvas intensas e concentradas.”

Com desastres climáticos ao redor do planeta, 2023 foi o ano mais quente da história, com temperaturas pela primeira vez em todo um ano próximas ao 1,5 °C de aquecimento global fixado pelo Acordo de Paris, de acordo com o observatório europeu Copernicus.

No início do mês, um novo desastre climático afetou o país. Inundações mataram ao menos 12 pessoas no estado do Rio de Janeiro.

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