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Brasil, novo Eldorado para europeus em busca de oportunidades

Crise no continente e boa situação econômica brasileira fez aumentar a quantidade de imigrantes que vêm ao país

Foram criados 2,5 milhões de empregos no Brasil em 2010: mais oportunidades para os imigrantes (Evaristo Sa/AFP)

Foram criados 2,5 milhões de empregos no Brasil em 2010: mais oportunidades para os imigrantes (Evaristo Sa/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2011 às 12h01.

Rio de Janeiro - Assim como muitos outros europeus, Afeida Ghaleb, de 33 anos, não lamenta ter deixado a França em julho para trabalhar no Brasil, país motor da América Latina, que atrai cada vez mais estrangeiros em busca de oportunidades.

"Sinto que escapei da crise na Europa. Tenho uma dupla cultura (franco-árabe) e tinha vontade de ter uma experiência internacional", disse à AFP a jovem francesa, que trabalhou durante 10 anos em uma empresa agroalimentícia nos subúrbios de Paris.

Contratada pela Michelin no Rio de Janeiro com um contrato local, explicou que o Brasil "é mais aberto, não somos rotulados".

"A França, infelizmente, não valoriza a diversidade", considerou.

Sétima economia mundial, o Brasil cresceu 7,5% em 2010 e aguarda neste ano uma alta de 3,5%, superior à média mundial. A taxa de desemprego caiu a 6% neste ano, a menor desde 2002.

Diferentemente dos europeus que chegam ao Brasil de forma cada vez mais numerosa e enfrentam o problema para obter um visto de residência, Afeida conseguiu com a Michelan um visto de dois anos, renovável.

Alejandro, um espanhol de 33 anos, chegou ao Brasil em outubro como turista. Não teve a mesma sorte que Afeida e faz pequenos trabalhos, como DJ ou guia nas favelas.

"Com a crise e o desemprego na Espanha, precisava mudar de ares, uma cidade com praia e sol. É preciso ir onde as coisas estão melhores. Mas meu visto expira em um mês e meio", disse à AFP este madrileno. Se não conseguir renovar seu visto por outros três meses, o máximo permitido para os turistas, se tornará um imigrante "ilegal".

Como Afeida, Alejandro divide um apartamento com um amigo em Ipanema. Os recém-chegados enfrentam a explosão dos preços no país, impulsionados pela boa saúde da economia e pelo fato de que o Brasil sediará a Copa do Mundo de futebol em 2014 e o Rio os Jogos Olímpicos de 2016.

Segundo o ministério da Justiça, a quantidade de estrangeiros em situação regular aumentou mais de 50% de janeiro a junho, passando de 961 mil a 1,5 milhão. O número não para de crescer e os que chegam em maior número ao Brasil são os portugueses, que compartilham a mesma língua.


De dezembro de 2009 a junho de 2011, os portugueses que estão legalmente no país aumentaram de 277 mil para 329 mil; os espanhóis de 58.500 para cerca de 81 mil e os franceses de 16.500 a 17.800.

Mas as autoridades estimam em mais de 600 mil o número de imigrantes ilegais, em alta constante. Deste total, cerca de 40% são bolivianos, seguidos pelos chineses, com 13%.

"Na Europa, o Brasil é considerado uma terra de oportunidades", declarou à AFP a diretora da Câmara espanhola de Comércio de São Paulo, Nuria Pont.

Este aumento não se deve apenas à crise na Europa, mas também à enorme demanda do Brasil, explicou.

"Há 40 milhões de novos consumidores - quase o tamanho da Espanha - que saíram da pobreza, e o mercado brasileiro não chega a satisfazer a demanda", explicou.

"Faltam oito milhões de profissionais qualificados, como engenheiros, que as universidades brasileiras demorarão de cinco a seis anos para formar", acrescentou.

O jovem arquiteto espanhol David Galipienzo, que implanta um projeto imobiliário no Rio de Janeiro, é testemunha disto.

"Baixamos de (uma oferta de) 800 mil casas por ano para menos de 100 mil. Aqui, a demanda não para de aumentar", disse David.

O boom da economia brasileira, com a criação de 2,5 milhões de empregos em 2010, associado à crise nos países ricos, está provocando a volta da legião de brasileiros que emigraram na década de 1990 aos Estados Unidos, Europa e Japão.

De 2005 a 2011, o número de brasileiros que vivem no exterior caiu pela metade, de quatro para dois milhões, segundo números oficiais.

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