Educação: parte do gasto por aluno é de salários, que tendem a ser mais altos nos países desenvolvidos (Germano Luders/Exame)
Clara Cerioni
Publicado em 11 de setembro de 2019 às 16h50.
Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 16h50.
São Paulo — O Brasil é um país que faz mais investimentos na educação do que a média de países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas ao mesmo tempo gasta menos por aluno.
Essa é uma das conclusões do estudo Education at a Glance, uma aprofundada pesquisa feita pela OCDE e divulgada nesta terça-feira (10) sobre os principais índices de educação de 36 países que fazem parte da organização e de dez outros parceiros, que incluí Brasil, Argentina, China e Rússia.
De acordo com os dados, em 2016, o governo brasileiro gastou 4,2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em investimentos educacionais. A média da OCDE é de 3,2%.
Ao mesmo tempo, o gasto por aluno da rede pública é menos da metade do valor investido nos países desenvolvidos.
Na educação fundamental, o Brasil paga US$ 3,8 mil por aluno enquanto a OCDE investe US$ 8,6 mil. Já no ensino médio, o gasto nacional é de US$ 4,1 mil, ao passo que nos países da organização o valor chega a US$ 10 mil.
Para comparar os resultados, no entanto, é preciso levar em conta que parte do gasto por aluno é referente a salários, que tendem a ser mais altos nos países desenvolvidos.
Os dados já estão corrigidos pela Paridade de Poder de Compra (PPP), indicador que iguala as taxas de câmbio para que um mesmo bem ou serviço fique com o mesmo preço em dólar em qualquer país.
O estudo da OCDE aponta, ainda, para uma diferença entre a formação no ensino superior entre homens e mulheres, uma das mais profundas entre os países membros da OCDE e parceiros.
Segundo os dados, as brasileiras têm, em média, 34% mais chance de ter uma faculdade. O índice cresce para 42% entre mulheres de 25 a 34 anos.
Apenas 0,8% dos brasileiros entre 25 e 64 anos tem mestrado, muito abaixo dos 13% da média da OCDE, e 0,2% dos brasileiros tem doutorado, contra 1,1% na média da OCDE.
O relatório sinaliza, no entanto, para a probabilidade menor das mulheres conseguirem um emprego em qualquer nível de escolaridade, mas destaca que a diferença se amplia em níveis mais baixos de escolaridade.