Brasil deve conter alta do real para evitar ‘doença holandesa’
Uma valorização da moeda poderia comprometer as receitas de exportação do país
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 08h34.
Tóquio - A economia brasileira se recuperou da crise financeira global e precisa enfrentar o despertar da “doença holandesa” que pode comprometer seu crescimento, segundo o Barclays Plc.
A maior economia da América do Sul está mostrando os primeiros sintomas do mal, com a produção industrial estável desde o começo do ano e contração das exportações líquidas em bases ajustadas pela inflação, de acordo com Marcelo Figueiredo Salomon, economista-chefe para o Brasil no Barclays Plc em Nova York.
O termo “doença holandesa” foi criado pela revista The Economist para descrever o aumento de receita com novos campos de gás natural na Holanda durante a década de 1960, que levou a uma apreciação da moeda e corroeu outras receitas de exportação.
O fortalecimento do real pode afetar negativamente a economia brasileira e deve ser contido, disse Salomon, ontem em Tóquio. Os esforços do Brasil para manter o dólar em torno de R$ 1,65 foram viáveis, disse ele.
A taxa de câmbio chegou até R$ 1,6435 por dólar em 3 de janeiro, cotação registrada pela última vez em setembro de 2008. Nos últimos dois meses, a taxa ficou em torno de R$ 1,65 e R$ R$ 1,70 e deve permanecer assim até o final de junho e dezembro, segundo a projeção mediana de 19 analistas ouvidos pela Bloomberg.
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 subiu 0,97 por cento em fevereiro, elevando o índice acumulado em 12 meses para 6,08 por cento, disse ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O IPCA-15 se acelerou para o nível mais alto em quase oito anos. O Banco Central elevou a taxa básica de juros para 11,25 por cento no mês passado, a mais alta desde março de 2009.