Bolsonaro: clima começou após conversas no WhatsApp virem à público (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 12h02.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 11h19.
Rio de Janeiro - O vice-presidente eleito general Hamilton Mourão disse que o presidente eleito Jair Bolsonaro vai interceder para amenizar o clima tenso que se formou no PSL após bate-boca entre integrantes do partido nos últimos dias, que o general chamou "de pequenos problemas".
Na próxima semana, Bolsonaro deve participar de uma reunião dos parlamentares eleitos do PSL, seu partido, em que pregará a unidade dos integrantes da legenda que terá uma das maiores bancadas do futuro Congresso.
"Jair Bolsonaro fará o papel de líder (nessa situação)", disse Mourão. As disputas ficaram mais acaloradas nos últimos dias, com direito a duras trocas de mensagens por redes sociais e públicas entre membros do PSL.
Os protagonistas do mal-estar foram a deputada federal eleita Joice Hasselman (SP) e o filho do presidente eleito Eduardo (SP), deputado federal reeleito, além do deputado federal e senador eleito Major Olímpio (SP).
Por trás dos ataques, estaria uma disputa por posições de liderança e protagonismo dentro do PSL e do futuro governo. Mourão minimizou o clima quente no partido.
"São pequenos problemas. São fáceis de resolver com liderança hábil. O Jair Bolsonaro fará", disse ele à Reuters.
Nesta semana, uma série de conversas do grupo “Bancada PSL 2019” no WhatsApp foram divulgadas pela imprensa.
O teor das conversas envolvia xingamentos entre Joice e Eduardo, que se desdobrou para um conflito público, no Twitter.
O conflito começou durante a madrugada de quinta-feira com uma discussão acalorada entre Joice Hasselmann e o senador Major Olímpio sobre a liderança do partido nas articulações com o governo.
Joice disse que articulação do partido está “abaixo da linha da miséria” e escreveu que está “fazendo o trabalho para melhorar o diálogo com os políticos”.
Olímpio retrucou dizendo que Jair Bolsonaro se reuniu com ele e com “o delegado Waldir (…) para ajustarmos a interlocução na Câmara e no Senado (…) Nenhum de nós pediu interlocutor para nos representar, ao contrário, se assim acontecer, será desconsideração conosco. Tanto Waldir quanto eu recebemos as orientações do presidente que deixou bem claro que não tem nada definido para liderança de nada e que o partido lutasse pelos espaços”.
Logo depois, o jornal O Globo revelou que o filho do presidente eleito Eduardo, estava costurando apoio na Câmara dos Deputados, a pedido de seu pai, sem que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) soubesse.
“Ocorre que eu não preciso e nem posso ficar falando aos quatro cantos o que ando fazendo por ordem do presidente. Se eu botar a cara publicamente, o Maia pode acelerar as pautas bombas do futuro governo. Por isso, quem tem feito mais essa parte é o delegado Waldir no plenário e o Onyx via líderes partidários”, escreveu, em mensagem obtida pelo jornal O Globo.
Já na sexta-feira (7), a discussão foi parar no Twitter. Olímpio postou em seu perfil que "não há racha quando são todos contra Joice Hasselmann" e reproduziu uma declaração sua na imprensa acusando a colega de vazar o conteúdo de brigas internas travadas no aplicativo.
Eu sempre cito o graaande filósofo venceslauense...
Hoje me ocorreu um em especial que diz que a língua é o chicote da b...
Né?? pic.twitter.com/FRJTOLcCBZ— Major Olimpio (@majorolimpio) December 7, 2018
Em resposta, Hasselmann escreveu que o "major mente descaradamente" e que a publicidade das mensagens "até agora só interessou a ele".
Em outra mensagem no Twitter, ela acusa o deputado, que é presidente do PSL em São Paulo, de agir com truculência:
Infelizmente @majorolimpio me expõe em público, logo tenho que responder em público. Ele comanda o partido com truculência, aos gritos, com ameadas aos desafetos. Expulsou pessoas, tentou me expulsar, colocou os “seus” nos diretórios e excluiu gente que deu a vida na campanha.
— Joice Hasselmann🇮🇱 (@joicehasselmann) December 7, 2018