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Bolsonaro evita se comprometer com recriação do SNI

Durante a ditadura, o Serviço Nacional de Informações foi usado para coletar dados de adversários políticos

Bolsonaro: candidato do PSL à Presidência ouviu nesta segunda-feira, 23, proposta de criar um sistema de inteligência "nos moldes" do SNI (Paulo Whitaker/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de julho de 2018 às 10h01.

Última atualização em 24 de julho de 2018 às 10h01.

Rio - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro , ouviu nesta segunda-feira, 23, proposta de criar um sistema de inteligência "nos moldes" do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão do regime militar extinto em 1990, em encontro com militares da ativa e da reserva no Clube de Aeronáutica, no centro do Rio.

Em entrevista após o debate com os militares, Bolsonaro foi questionado se não tinha "jogado para a plateia" ao concordar com a ideia de recriar o SNI. O candidato ao Planalto não ratificou nem rejeitou a proposta. Limitou-se a dizer que o País "precisa" de um serviço mais "eficiente" de inteligência para prevenir problemas para o governo. Durante a ditadura, o SNI foi usado para coletar dados de adversários políticos.

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Autor da ideia, o tenente-brigadeiro da reserva Carlos de Almeida Baptista afirmou que um novo SNI evitaria casos de corrupção. "Eu concordo 100%", disse Bolsonaro, após o oficial propor que ele evitasse militares nos ministérios. "Como disse o Baptista, temos um governo sem um serviço de informações."

Criado pelo general Golbery do Couto e Silva, em junho de 1964, o SNI manteve uma rede de agências e departamentos nos órgãos federais e nos Estados e braços nas repartições públicas e empresas estatais. Atualmente, a área de inteligência do governo é concentrada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo general Sérgio Etchegoyen. Na greve dos caminhoneiros, em maio, Bolsonaro chegou a fazer críticas à Abin por não avisar com antecedência o Planalto sobre a gravidade da situação nas estradas.

Na entrevista, Bolsonaro chegou a brincar com a dificuldade de formar alianças e conseguir um vice de outro partido. Na semana passada, ele teve a recusa do PR, do senador Magno Malta (ES), e do PRP e do PRTB, siglas às quais estão filiados os generais da reserva Augusto Heleno Ribeiro e Hamilton Mourão, que chegaram a ser cotados como vices. Também comentou a indecisão da advogada e professora da USP Janaina Paschoal de aceitar o convite para ocupar o posto. "A bola está mais com ela do que comigo", disse.

À reportagem, Janaína reafirmou nesta segunda-feira que "precisa de mais tempo" para a decisão. A advogada disse que discorda da frase do empresário Josué Gomes, cotado para compor a chapa do tucano Geraldo Alckmin ao Planalto, de que um vice "não manda nada". "Definitivamente, não concordo com Josué de Alencar quando diz que vice não manda nada e ajuda quando não atrapalha", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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