Eu que indico, não o Moro, diz Bolsonaro sobre mudar chefe da PF
Presidente afirmou ser um mandatário que pode "interferir mesmo" em alguns órgãos federais se for preciso
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de agosto de 2019 às 11h10.
Última atualização em 22 de agosto de 2019 às 14h19.
são Paulo — O presidente Jair Bolsonaro voltou a reforçar, nesta quinta-feira (22), que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, é subordinado a ele, e não ao ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro . Bolsonaro não descartou a possibilidade de eventualmente trocar o chefe da PF.
"Se eu trocar (o diretor-geral da PF) hoje, qual o problema? Está na lei que eu que indico e não o Sérgio Moro. E ponto final", declarou Bolsonaro em conversa com jornalistas, pela manhã.
"Ele (Valeixo) é subordinado a mim, não ao ministro. Deixo bem claro isso aí. Eu é que indico. Está bem claro na lei" declarou.
Questionado se há, de fato, intenção de trocar o chefe da PF , Bolsonaro respondeu que, se o fizer, será "na hora certa".
"Hoje eu não sei. Tudo pode acontecer na política", respondeu ao ser questionado se existe a possibilidade de troca nesta quinta-feira.
Ontem, o presidente afirmou ser um mandatário que pode "interferir mesmo" em alguns órgãos federais se for preciso. Nesta quinta, reforçou o posicionamento dizendo que supostas ingerências são, na sua visão, uma forma de "mudança".
"Quero que se combata a corrupção, que façam as coisas da melhor maneira possível. Eu não estou acusando ninguém de fazer nada errado. Mas a indicação é minha. Por isso elegeram o presidente da República. Se não pudesse ter ingerência, interferência - para mim é mudança -, seria mantido o anterior, o cara que foi nomeado antes iria ficar até morrer", disse.
Ele reclamou de uma "onda terrível" que teria ocorrido após trocas nas superintendências da PF - que se intensificou com o anúncio do presidente sobre a saída do superintendente do Rio em coletiva de imprensa.
"Agora há uma onda terrível sobre superintendência. Onze (superintendentes) foram trocados e ninguém falou nada. Sugiro o cara de um Estado para ir para lá e dizem 'está interferindo'. Espera aí. Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral. Não se discute isso aí", afirmou.
"Se é para a não interferência, o diretor anterior, que é o que estava lá com o (ex-presidente Michel) Temer, tinha que ser mantido. Ou a PF agora é algo independente? A PF orgulha a todos nós, e a renovação é salutar, é saudável. O Valeixo pode querer sair hoje. Não depende da vontade dele", reforçou Bolsonaro.