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Bolsonaro defende política de imigração e diz que Trump é seu ídolo

Presidente falou sobre a substituição do Programa Mais Médicos e afirmou que cubanos eram "escravos" aqui no Brasil

Bolsonaro: presidente apoiou política de imigração de Donald Trump (Marcos Corrêa/PR/Palácio do Planalto/Flickr)

Bolsonaro: presidente apoiou política de imigração de Donald Trump (Marcos Corrêa/PR/Palácio do Planalto/Flickr)

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Reuters

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 14h50.

Brasília — O presidente Jair Bolsonaro se irritou nesta quinta-feira, 1, ao ser perguntado se a política do programa Mais Médicos, que ele diz ter impedido os médicos cubanos de trazerem suas famílias ao Brasil, se equiparava a do governo Donald Trump, que separa pais e filhos nos postos de fronteira, e disse que o presidente norte-americano é seu ídolo.

Ao anunciar o programa Médicos pelo Brasil, que irá substituir o Mais Médicos, criado no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro disse em seu discurso que o programa impedia que os médicos cubanos — que participavam através de um acordo entre o governo brasileiro, a Organização Pan-americana de Saúde e o governo de Cuba — não podiam trazer suas famílias.

Depois, em entrevista, irritou-se ao ser perguntado se sua crítica sobre a separação das famílias servia também para a política norte-americana de fronteiras — que apesar de proibida pela Justiça ainda estaria sendo realizada, de acordo com grupos de direitos humanos.

"Você já respondeu, ilegal", disse, referindo-se ao fato do repórter ter comentado que se tratava da política contra imigrantes ilegais. "Você quer que tenha uma pessoa ilegal dentro do Brasil? Os cubanos estavam aqui como escravos. Se eles fizessem qualquer coisa errada a família sofria. É uma diferença enorme com o Trump."

Um entusiasta defensor do presidente norte-americano, Bolsonaro foi além: "Não vem com essa conversinha de direitos humanos, vocês nunca falaram nada contra a política do Mais Médicos aqui", disse aos jornalistas. "Não queiram atacar o Trump, que é meu ídolo, por acaso."

Ao tratar do Mais Médicos em seu discurso, o presidente atribuiu ao PT, partido da ex-presidente Dilma Rousseff, o fato de os cubanos não poderem trazer sua famílias, disse que eles eram impedidos de participar de eventos nas comunidades em que moravam e que a ideia de trazê-los era para formar "núcleos de guerrilha no país". "Essa era a política do PT", discursou.

Não há evidências nem da formação de núcleos de guerrilha e nem de que os médicos cubanos fossem impedidos de confraternizar em suas comunidades. Há casos, inclusive, de casamentos entre cubanos que estavam no programa e brasileiros.

Ao contrário do que disse Bolsonaro ao afirmar que o programa brasileiro impedia a vinda dos familiares dos médicos, a medida provisória que criou o Mais Médicos, depois transformada em lei, autorizava a vinda de familiares e o Itamaraty concedia vistos temporários pelo mesmo tempo do visto de trabalho do médico contratado. A medida servia para estrangeiros de modo geral e para os cubanos.

Na aprovação do programa pelo Congresso, o próprio Bolsonaro e seu filho Eduardo, então deputados pelo PSC, apresentaram uma emenda --que foi rejeitada-- para tentar dificultar a vinda dos parentes dos médicos estrangeiros.

A emenda número 302 pretendia modificar o artigo 18 da Lei nº 12.871 diz que "os dependentes legais do médico intercambista estrangeiro não poderão exercer atividades remuneradas, com emissão de Carteira de Trabalho e Previdência Social pelo Ministério do Trabalho e Emprego." Na justificativa, o então deputado afirmava que a intenção era "limitar o estabelecimento de vínculos permanentes" pelos dependentes e pelo médico estrangeiro no país.

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