Caminhão parado: Polícia Rodoviária Federal registrou 13 pontos de interdições parciais no Rio Grande do Sul, 7 em Santa Catarina e 3 no Paraná (Tânia Rêgo/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2015 às 18h51.
Caminhoneiros ainda protestam na tarde de segunda-feira em mais de 20 pontos de rodovias federais do país, especialmente nos Estados do Sul, no dia em que o governo sancionou uma nova lei que alivia o pagamento de pedágio, perdoa multas e promete ampliar pontos de paradas para descanso.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 13 pontos de interdições parciais no Rio Grande do Sul, sete em Santa Catarina e outros três no Paraná, de acordo com boletim divulgado na tarde desta segunda-feira, que marcou o décimo terceiro dia de protestos.
Na BR-163, principal estrada para o transporte de produtos agrícolas e insumos de Mato Grosso, três pontos de bloqueios parciais eram registrados perto dos municípios de Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, mas apenas carretas com grãos eram barradas.
Cargas vivas e veículos de passeio passavam, e não havia registro de congestionamento, segundo a concessionária Rota do Oeste.
De uma maneira geral, a situação aponta para um número menor de bloqueios em relação ao registrado na maior parte da semana passada, após o governo ter anunciado que multaria os caminhoneiros manifestantes em até 10 mil reais por hora.
Relatos indicaram que muitos produtores em Mato Grosso poderiam ficar sem diesel para a colheita a partir desta segunda-feira, por conta dos bloqueios no maior produtor de soja do Brasil, mas já havia notícias de alívio em algumas áreas, com menos bloqueios sendo registrados no Estado.
"Estamos hoje mais aliviados. Chegou uma remessa considerável de óleo diesel. Deverá atender a demanda para cinco dias", afirmou à Reuters Adelmo Zuanazzi, produtor rural em Sinop (MT).
Algumas indústrias de carnes, bastante prejudicadas pelos protestos, também estão retomando operações.
A BRF informou que todas as unidades estavam operacionais nesta segunda-feira, após suspender atividades em duas fábricas.
A empresa disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que conseguiu transportar matérias-primas e animais vivos para as unidades durante a noite, no final de semana e também durante todo o dia desta segunda-feira, em função da redução dos bloqueios. A companhia também usou rotas alternativas para o transporte.
A processadora JBS, que possui plantas de aves e suínos no oeste de Santa Catarina, conseguiu uma liminar na Justiça para transportar sua produção sob escolta policial até o porto de Itajaí, de onde será exportada para vários países.
O gerente na Martini Meat, uma empresa de armazéns refrigerados em Itajaí, Fabio Rosa, disse que dois comboios com proteção policial chegaram ao local entre sábado e esta segunda-feira.
Ao todo são 55 caminhões da JBS que estão aguardando trâmites burocráticos e nomeação de navio para se dirigirem aos terminais do porto.
Rosa afirmou que os contêineres da JBS se juntaram a outros 100, aproximadamente, que já estavam no local aguardando para seguir ao porto. O acesso ao terminal de Itajaí continua bloqueado por manifestantes.
As manifestações no Sul ameaçam as exportações de produtos agropecuários, uma vez que os estoques de grãos nos portos estão sendo reduzidos.
Lei do caminhoneiro
A presidente Dilma Rousseff sancionou sem vetos a nova lei dos caminhoneiros, informou o Palácio do Planalto nesta segunda-feira.
De acordo com o Planalto, a lei assegura perdão das multas por excesso de peso expedidas nos últimos dois anos, isenção de pagamento de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios e ampliação de pontos de parada para descanso e repouso.
O governo informou ainda que tomará as medidas necessárias junto ao Congresso Nacional para prorrogar por 12 meses as parcelas de financiamentos de caminhões adquiridos pelos programas ProCaminhoneiro e Finame do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).