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Bastidor: queda na popularidade pressiona Lula por reforma ministerial e “cavalo de pau do governo”

Nesse contexto, o deputado federal e presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), é cotado para assumir uma pasta na Esplanada dos Ministérios

Lula: presidente tem sido aconselhado por aliados a promover reforma ministerial para pavimentar caminho para a reeleição em 2026 (Leandro Fonseca/Exame)

Lula: presidente tem sido aconselhado por aliados a promover reforma ministerial para pavimentar caminho para a reeleição em 2026 (Leandro Fonseca/Exame)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 12 de novembro de 2024 às 14h51.

Última atualização em 12 de novembro de 2024 às 16h54.

A queda de oito pontos percentuais na popularidade do governo desde janeiro adiciona ainda mais pressão para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faça uma reforma ministerial, afirmaram à EXAME auxiliares do chefe do Executivo. A avaliação interna entre auxiliares de Lula é a de que o governo precisa dar um “cavalo de pau” na articulação política, na comunicação e atrair tanto o Centrão quanto os evangélicos para as bases de apoio.

A avaliação interna é de que essas mudanças serão necessárias para pavimentar o caminho de Lula para a reeleição em 2026. A leitura até aqui é de que esse processo não será fácil e, além de se reaproximar do Centrão, o governo terá de entregar resultados positivos nas políticas públicas voltadas para a classe média, sem deixar de assistir os eleitores mais carentes.

Por isso, além de cortar gastos, Lula quer aumentar a isenção de Imposto de Renda para trabalhadores com renda de até R$ 5.000, estuda apoiar o fim da jornada de trabalho de seis dias de trabalho e um de descanso, além de cortar benefícios fiscais dos empresários.

A avaliação entre os auxiliares de que é os antigos programas sociais, como o Bolsa Família, não têm efeito eleitoral como no passado. Com o eleitorado já acostumado com esses benefícios, o governo Lula 3 ainda não tem uma marca. Com isso, será necessário maior aproximação com partidos de centro para viabilizar a reeleição de Lula.

Nesse contexto, o deputado federal e presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), é cotado para assumir uma pasta na Esplanada dos Ministérios. O partido é o braço político da Igreja Universal e Pereira se reaproximou do Planalto no processo de negociação para se viabilizar para a presidência da Câmara dos Deputados. Com a desistência, que abriu espaço para a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB), a legenda deve ganhar mais espaço no governo.

Auxiliares de Lula avaliam que Pereira se encaixa no perfil de representante dos evangélicos e ainda tem forte controle do partido, o que favorece uma maior fidelidade da bancada ao governo.

Segundo auxiliares de Lula, o interesse do partido, de Pereira e da Universal é no Ministério das Comunicações, responsável pelo processo de concessões e renovações de rádios e TVs no Brasil.

Caso assuma a pasta, o Republicanos terá um pé no governo petista e outro no governo de São Paulo, de Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Nos Estados Unidos isso seria impensável, mas no Brasil é normal", resumiu um assessor do presidente da República.

Articulação política

Para a articulação política, o mais cotado para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República é o atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como mostrou à EXAME.

Silveira, que preside o PSD em Minas Gerais, se fortaleceu politicamente com a vitória de Fuad Noman para prefeitura de Belo Horizonte, além de ter excelente relação com o presidente da República e com as principais lideranças do Congresso.

Segundo fontes do governo, ele está focado na reforma do setor elétrico, em propostas para garantir a segurança energética do país e para reduzir o custo da energia para os consumidores.

Além disso, outra missão dada por Lula a Silveira foi ofertar gás para 21 milhões de famílias de baixa renda. O governo federal pretende distribuir botijões de gás para 20 milhões de famílias de baixa renda até 2026. O plano faz parte do programa Gás Para Todos, que vai substituir o atual Auxílio Gás, e deve ter orçamento de R$ 13,6 bilhões, quando estiver plenamente aplicado.

Apesar das missões em curso, auxiliares do presidente afirmaram que um pedido direto de Lula para que Silveira assuma a coordenação política tem um peso significativo. "Não se nega um pedido do presidente", resumiu um auxiliar de Lula.

O eventual deslocamento de Silveira para a coordenação política abriria espaço para que o MME fosse comandado por um indicado do PSD ou de outro partido do Centrão. Em outros governos petistas, a pasta era reduto do MDB, que tem interesse no posto. Entretanto, essa acomodação política também levará em conta o processo sucessório na Câmara dos Deputados e no Senado.

Centrão na Esplanada

O principal alvo do Centrão é o Ministério da Saúde, que deve ir para o PP. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é cotado para a pasta. O eventual embarque de Lira no governo garantiria apoio político na Câmara e seria um forte golpe no partido comandado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Próxima da primeira-dama, Janja Lula da Silva, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem sido alvo de fogo-amigo, especialmente sobre a relação distante que mantém do Congresso.

Mudanças na Secom e na Secretaria-Geral

Outras duas mudanças são consideradas por Lula em fevereiro: na Secretaria de Comunicação da Presidência da República e na Secretária-Geral da Presidência da República.

Os titulares das pastas, Paulo Pimenta e Márcio Macedo, voltariam para a Câmara dos Deputados e dois petistas assumiriam os postos. Os nomes de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e do deputado federal Rui Falcão são cotados para a Secretaria-Geral. Para a Secom, Lula ainda não escolheu o substituto.

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