Fernando Baiano: o delator é uma das principais testemunhas de acusação do processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2016 às 17h16.
Brasília, 26 - O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, fala neste momento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados sobre a sua relação com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Baiano é uma das principais testemunhas de acusação do processo por quebra de decoro parlamentar contra Cunha. Ele confirmou que possuía um acordo com Cunha para cobrar uma dívida do lobista Júlio Camargo.
No início da oitiva, o deputado Manoel Junior (PMDB-PB), aliado de Cunha, solicitou que o relator Marcos Rogério (DEM-RO) questionasse o depoente apenas sobre temas que fizessem parte da denúncia, que investiga se Cunha mentiu ou não sobre possuir contas no exterior.
"Acho ineficaz estarmos tratando de assuntos que não estão afeitos ao que vamos julgar", comentou. A primeira pergunta de Rogério foi sobre a compra de navios sonda da Petrobras.
"Não cabe ao relator escolher as provas que chegam ao processo. Se tais informações serão usadas no relatório final isso será objeto de análise", rebateu o relator do processo, que seguiu com os questionamentos.
Baiano respondeu que atuou como intermediário junto a diretoria internacional da Petrobras. O lobista disse que, nessa época, em 2009, conheceu Cunha durante um café da manhã em um hotel, através de um conhecido.
O peemedebista teria pedido a Baiano, em 2010, para verificar com as empresas que ele trabalhava se poderiam fazer doações para a sua campanha. Questionado sobre a reação de Cunha, Baiano afirmou que tinha uma boa relação com o parlamentar.
"O deputado Eduardo Cunha sempre foi muito cordial comigo, sempre foi muita educado, não teve nenhuma reação abrupta, ameaça, nada disso", contou.
Como as empresas representadas por Baiano disseram que não poderiam contribuir, o lobista teria proposto a Cunha que o ajudasse a cobrar uma dívida de R$ 10 milhões de Júlio Camargo.
Com o acordo, uma parte da quantia iria para Cunha. Ele confirmou que esteve na casa do deputado algumas vezes, geralmente aos finais de semana quando estava no Rio de Janeiro, e que também esteve no escritório de Cunha, em reuniões a sós.