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Associação denuncia arbitrariedade policial em ações na Rocinha

Desde a última sexta-feira, tropas federais, em apoio às polícias Civil e Militar, fazem uma operação de ocupação no local

Rocinha: comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) participou do encontro e disse que o cenário não é de guerra, mas é muito complexo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Rocinha: comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) participou do encontro e disse que o cenário não é de guerra, mas é muito complexo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 12h39.

O presidente da Associação de Moradores da Rocinha, Carlos Eduardo Barbosa, denunciou arbitrariedades supostamente cometidas por agentes de segurança nas ações desenvolvidas na comunidade desde a última sexta-feira (22), quando começou a ocupação da localidade por tropas federais, em apoio às polícias Civil e Militar.

Carlos Eduardo falou nesta terça-feira (26), durante um encontro realizado em uma quadra esportiva na entrada da Rocinha, que reuniu moradores, lideranças sociais e policiais militares.

"Casas estão sendo invadidas, portas quebradas, bens sendo roubados, casas saqueadas. Isto é uma vergonha. O governo não mandou para cá nenhuma instituição de assistência social, nem direitos humanos. A gente está a mercê", falou ele, em entrevista a jornalistas.

Na opinião do presidente da associação, não está havendo uma guerra na Rocinha, como estaria sendo veiculado em parte da mídia e por meio das redes sociais.

"Verdade seja dita, não existe guerra nenhuma aqui na Rocinha. Esses militares aqui dentro não justificam o investimento de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões por dia, que poderiam estar sendo investidos em saúde e educação. As escolas hoje estão fechadas, os postos de saúde estão fechados. As crianças não estão indo para a escola, estão passando fome", disse Carlos Eduardo.

O comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), major Cunha Alves, participou do encontro e disse que o cenário não é de guerra, mas é muito complexo. Reconheceu que policiais eventualmente erram, mas que quando isso acontece, são tomadas providências. Segundo o militar, as denúncias de casas arrombadas devem ser feitas diretamente na delegacia policial.

O delegado titular da 11ª DP, Antônio Ricardo, disse que apenas um caso de arrombamento de residência em operações policiais foi reportado até o momento, mas que não foi possível concluir se o caso envolveu realmente agentes de segurança ou traficantes usando fardas militares.

A reportagem da Agência Brasil procurou a Secretaria de Segurança Pública para comentar a denúncia dos moradores, mas não obteve resposta até o momento.

Um morador que assistia à reunião disse que duvidava de tantos arrombamentos denunciados pela associação. Segundo o jovem, que mora há 26 anos na comunidade e trabalha de padeiro, o objetivo de alguns é retirar as Forças Armadas da comunidade.

Ele disse que, na sua opinião, a maior parte dos moradores é a favor das operações de segurança, mas não pode falar isso em público, por medo de represálias do tráfico.

Jovem desaparecido

Uma das pessoas que falou durante o encontro foi a moradora Francisca Rodrigues Gomes, que está há mais de uma semana tentando obter informações sobre o seu filho Anderson Rodrigues Rangel, de 17 anos, que está desaparecido. Ela teme que ele tenha sido morto.

"Eu cheguei do trabalho na quinta-feira e recebi notícia que tinha havido um tiroteio na Vila Verde e fiquei desesperada. Ouvi que tinham baleado várias pessoas na mata. Fui na delegacia, no Hospital [Municipal] Miguel Couto, no IML [Instituto Médico Legal] e nada. Nesta quarta-feira (27), faz oito dias que não vejo ele. O meu desespero é muito grande", disse Francisca.

Segundo ela, o jovem não tinha envolvimento com o tráfico e trabalhava com o pai, vendendo peixe na feira.

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