Ágatha Félix: corpo da garota de oito anos foi velado e enterrado no cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio de Janeiro (Pilar Olivares/Reuters)
Mariana Martucci
Publicado em 23 de setembro de 2019 às 11h48.
Última atualização em 23 de setembro de 2019 às 11h50.
Diversas personalidades lamentam a morte da garota Ágatha Vitória Sales Félix, de oito anos. O corpo da menina foi velado e enterrado no cemitério de Inhaúma, zona norte do Rio de Janeiro. Ágatha foi atingida nas costas por um tiro de fuzil dentro de uma Kombi no Complexo do Alemão, na noite de sexta-feira, 20.
A cantora Iza expressou tristeza no perfil dela no Instagram e desejou conforto para os familiares da garota. "Essa menina tão linda, tão jovem, vítima da realidade violenta do Rio, sobretudo realidade das favelas cariocas. Meu coração chora quando penso que infelizmente histórias como essa se repetem a todo momento por aqui", disse.
Paula Lima também usou as redes sociais neste domingo, 22. "Ágatha foi super heroína. Feliz que vivia neste nosso Brasil, mesmo com todas as adversidades impostas pela política, pelo estado. Aos oito anos teve a sua vida interrompida por um tiro de fuzil nas costas. Eu sinto profunda tristeza. Que os anjos te guiem, minha querida", escreveu a cantora.
O apresentador da TV Globo Otaviano Costa publicou uma imagem de Ágatha e lembrou que tem uma filha da mesma idade da garota. "Que dor. Que tristeza. Quantas crianças feridas e mortas somente em 2019 aqui no Rio de Janeiro. Hoje também morreu um outro policial. É assim! Sempre foi assim! Mas até quando será?" questionou.
Já o ator Fábio Assunção participou do cortejo da menina Ágatha. O ator caminhou pelas ruas do morro do Alemão pedindo justiça. "Agatha tinha oito anos. Uma criança de oito anos ainda é pura, ainda está na categoria de anjo, na minha percepção. Minha filha tem oito. Meu filho já teve. Essa guerra em vigor é uma guerra inútil, onde todos perdem. Todos. Policiais em serviço morrem. Cidadãos de bem morrem. Crianças morrem. Quem teve a sorte de não estar na linha de tiro pode se posicionar também. Amorosa e pacificamente", desabafou.
O escritor e desenhista Maurício de Sousa também prestou solidariedade a família de Ágatha. A mãe da garota aparece no enterro da filha segurando uma boneca da Mônica, personagem principal dos quadrinhos dele. "Meus sentimentos e minhas lágrimas pela pequena Ágatha", escreveu.
Os policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte de Ágatha, serão ouvidos no fim da manhã desta segunda-feira, 23, na Delegacia de Homicídios (DH) do Rio. Além de ouvir os depoimentos dos policiais, os investigadores deverão recolher as armas utilizadas na ação e encaminhar para perícia.
A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro informou em nota divulgada no sábado que lamentava "profundamente a morte da pequena Ágatha no Complexo do Alemão" e manteve a versão de que os agentes apenas revidaram a uma agressão de criminosos "quando foram atacados de várias localidades da comunidade de forma simultânea".
Moradores contestam a informação e dizem que o tiro partiu dos policiais. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) comunicou que abrirá "um procedimento apuratório para verificar todas as circunstâncias da ação".