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Após vitória, MPL evita protagonismo e foca tarifa zero

Os cerca de 40 militantes, que defendem o fim das tarifas de transportes, foram surpreendidos pela dimensão que os protestos ganharam ao longo da última semana


	Com o lema "uma vida sem catracas", o grupo defende que o Estado deveria oferecer transporte público gratuito da mesma forma que oferece educação e saúde
 (Divulgação/MPL-SP)

Com o lema "uma vida sem catracas", o grupo defende que o Estado deveria oferecer transporte público gratuito da mesma forma que oferece educação e saúde (Divulgação/MPL-SP)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 22h54.

Sãp Paulo - Aonde levarão os protestos que se espalharam pelo Brasil? Não adianta perguntar a quem iniciou as manifestações. O Movimento Passe Livre, que convocou os atos em São Paulo contra o aumento das tarifas de transporte, não pretende liderar o movimento.

Os cerca de 40 militantes, que defendem o fim das tarifas de transportes, foram surpreendidos pela dimensão que os protestos ganharam ao longo da última semana, culminando com cerca de um milhão de pessoas nas ruas de diversas cidades do país nesta quinta-feira.

Depois das manifestações, que levaram a prefeitura e o governo do Estado de São Paulo --e também do Rio de Janeiro e outras cidades-- a cancelarem o aumento de 20 centavos das tarifas do ônibus, metrô e trem, o grupo formado por vários estudantes com menos de 30 anos reconhece que o movimento ganhou vida própria e não deve arrefecer em breve.

"Cabe às pessoas decidirem agora os rumos dessa luta", disse Nina Cappello, estudante universitária de 23 anos, à Reuters.

O grupo, cuja mensagem ganhou alcance com o uso de mídias sociais, descreve a si mesmo como uma organização "horizontal" sem liderança definida.

Com o lema "uma vida sem catracas", o grupo defende que o Estado deveria oferecer transporte público gratuito da mesma forma que oferece educação e saúde.

Nos últimos anos, o grupo ganhou notoriedade por organizar protestos que bloquearam importantes vias de grandes cidades, além de liberar catracas para passageiros. O movimento ganhou simpatizantes nesse período, mas somente na semana passada o Brasil passou a conhecê-lo.

"Surpreendeu", disse Douglas Belome, bancário de 29 anos que milita no Passe Livre. "A gente vem trabalhando já há oito anos. Esse ano a gente esperava mobilizações grandes, mas não com mais de 100 mil pessoas na rua".

Boa parte disso não teve a ver diretamente com o Passe Livre, mas com a maneira como o governo respondeu ao protesto.


Em 13 de junho, um protesto que tentava bloquear a Avenida Paulista - uma das principais vias e cartão postal de São Paulo - terminou em violência. Imagens de jornalistas atingidos no olho por balas de borracha disparadas pela polícia e transeuntes sendo agredidos se espalharam pelas redes sociais e a imprensa tradicional.

A violência sensibilizou, e muitos pessoas foram às ruas pelo direito de se expressar em paz, um tema sensível mesmo quase 30 anos após o fim da ditadura militar, em 1985.

"As pessoas estão respondendo à violência do Estado", disse Mayara Vivian, outra militante do MPL.

Foco na tarifa zero

Os protestos abalaram a política do Brasil, envolvendo até a presidente Dilma Rousseff. Nesta semana, ela elogiou a "grandeza" dos manifestantes por chamar a atenção a questões como a baixa qualidade da educação e da saúde públicas.

Apesar disso, os integrantes do Movimento Passe Livre preferem manter-se em linha com sua proposta original. Segundo eles, o foco continua na discussão e adoção da tarifa zero.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, três integrantes do grupo, claramente exaustos após dias de manifestações, passaram uma hora atendendo a imprensa nacional e internacional.

"Não tive tempo de digerir isso. Não teve tempo de a gente compreender a dimensão que isso vai ter", disse Belome. "A gente só está muito feliz."

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