O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Mariana Desidério
Publicado em 2 de março de 2015 às 17h59.
São Paulo – Após a repercussão negativa da liberação de passagens aéreas para cônjuges de parlamentares, o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sinalizou que deve recuar da decisão. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Segundo o jornal, Cunha marcou para amanhã uma reunião da Mesa Diretora da Casa, com o objetivo de definir como lidar com o tema. Foi a própria Mesa que decidiu criar o benefício na semana passada.
Ainda segundo a publicação, uma das possiblidades estudadas é transformar a regalia em exceção – neste caso, para conseguir uma passagem aérea para a mulher, um deputado precisaria fazer um pedido à Mesa, que analisaria as solicitações caso a caso.
"Haverá um recuo, sim, com relação a essa situação. Se a repercussão não foi positiva, por que manter?", questionou Cunha.
Pela decisão anterior, os parlamentares poderiam usar verba pública para comprar bilhetes aéreos para seus cônjuges, desde que o trajeto fosse entre Brasília e o estado de origem do parlamentar.
O benefício é alvo de um abaixo-assinado na internet que já conta com 362 mil assinaturas. “Os salários dos deputados já são altos o suficiente para que eles possam pagar por casa, viagens e manter uma vida de luxo que muitos brasileiros não têm”, diz o texto da campanha.
Com a repercussão, parlamentares já se manifestaram contra a regalia. Segundo a Folha, as bancadas do PT, PSOL, PPS e PSDB se comprometeram a não usar o benefício.
O bilhete aéreo para os cônjuges foi aprovado junto com uma série de reajustes das verbas recebidas pelos parlamentares. Foram reajustados os valores da verba de gabinete, da cota para o exercício parlamentar e do auxílio-moradia. Os novos valores passam a valer em 1º de abril. Os reajustes foram feitos com base no IPCA para corrigir a inflação.
No total, os reajustes terão impacto de R$ 112 milhões no orçamento da Câmara em 2015. De acordo com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os novos valores não implicarão em aumento de despesa, pois haverá cortes no orçamento no mesmo valor.