Brasil

Após embate com Padilha, Lira anuncia a líderes da Câmara que vai destravar demandas da oposição

Presidente da Câmara falou em acordo para criar 5 CPIs e um grupo de trabalho para uma PEC de reação a operações judiciais contra parlamentares

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados (Lula Marques/Agência Brasil)

Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados (Lula Marques/Agência Brasil)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 16 de abril de 2024 às 20h16.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou nesta terça-feira em reunião com líderes partidários que a Casa Legislativa deve destravar uma série de pedidos feitos pela oposição. Entre as medidas citadas estão a criação de cinco Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e um Grupo de Trabalho (GT) para elaborar uma proposta de reação contra operações judiciais visando deputados.

Pelo regimento da Casa, o número máximo de CPIs em funcionamento simultâneo é justamente cinco. Entre os requerimentos com o número necessário de assinaturas estão colegiados que pretendem apurar o "tráfico infantil e exploração sexual", o "avanço do crack", o "crime organizado", o "abuso de autoridade do Judiciário", as "passagens promocionais", as "concessionárias de energia Ambar Energia e Karpowership no Brasil" e as "concessionárias de distribuição de energia elétrica e pedidos de conexão de Micro e Minigeração Distribuída".

Não ficou definido quais das CPIs serão instaladas. A ideia é que os líderes partidários cheguem a um acordo e apresentem uma lista ao presidente da Câmara.

– Não decidimos ainda. Ele quer ver se tem acordo – disse a líder da minoria na Câmara, Bia Kicis.

Parte dessa comissões tem potencial para desgastar o governo, como os que jogam luz sobre a crise na segurança pública e na distribuição de energia.

Além disso, Lira também afirmou que deve acontecer uma audiência pública no plenário da Casa com os jornalistas Michael Shellenberger e Glenn Greenwald, com o objetivo de debater o papel das redes sociais. O tema tem sido usado pelo empresário Elon Musk, dono X, como forma de atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

A reunião de Lira com deputados acontece em um cenário em que o presidente da Câmara e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, não se falam. Na semana passada, a tensão escalou, e o presidente da Câmara chegou a chamar Padilha de "incompetente" e "desafeto pessoal". Além disso, nesta terça, Cesar Lira, primo do deputado do PP, foi retirado do cargo de superintendente do Incra em Alagoas.

A iniciativa de privilegiar demandas da oposição foi entendida por líderes da base do governo como uma maneira de retaliar o Poder Executivo.

Segundo relatos de líderes presentes na reunião, Lira também reclamou do fato de o governo ter retirado a urgência do projeto de lei que regulamenta o processo de falências.

O projeto foi elaborado pelo ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, mas sofreu mudanças na Câmara, onde foi relatado pela deputada Dani Cunha (União-RJ), que deixou o texto com muitos poderes para os credores em vez da Justiça.

A iniciativa tramitava em regime de urgência no Congresso, o que faria passar na frente de outras iniciativas, mas o tratamento especial foi retirado pelo governo, que deseja discutir melhor no Senado e ajustar a iniciativa. O Executivo ficou preocupado em ter um maior controle sobre o rumo do texto e o relator no Senado é o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA).

Aliados de Lira, por outro lado, dizem que parte das demandas anunciadas conquistaram endosso de partidos governistas, como o PT e o MDB. O chefe da Câmara avalia ter recebido o aval das duas legendas para criar um GT que visa criar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reforçaria o que os deputados têm chamado de "prerrogativas dos parlamentares" em relação a operações judiciais.

Uma reação da Câmara a isso ganhou impulso após a prisão do deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco, e depois de operações de busca e apreensão contra os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). Ramagem é alvo de uma apuração que investiga uma suspeita de uso da Agência Brasileira de Inteligência para monitoramento indevido e Jordy está envolvido em suspeitas de incentivar atos democráticos.

Além disso, deputados trabalham para derrubar os vetos do governo, como o que diminuiu em R$ 5,6 bilhões as emendas parlamentares de comissão, o que inviabilizou um cronograma com liberação desses recursos indicados pelos congressistas e o que impediu o ponto central do projeto que limita as "saidinhas" dos presos.

Acompanhe tudo sobre:Arthur LiraCâmara dos DeputadosAlexandre PadilhaGoverno Lula

Mais de Brasil

Veja como votou cada deputado na proposta do pacote de corte de gastos

TSE forma maioria para rejeitar candidatura de suspeito de envolvimento com milícia

Fim do DPVAT? Entenda o que foi aprovada na Câmara e o que acontece agora

IFI: governo precisa de superávits primários de 2,4% para estabilizar dívida pública