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Após crise com hino, MEC corta servidores ligados a Olavo de Carvalho

Um aluno de Olavo e funcionário da pasta afirmou que o ministro está fazendo um "expurgo de alunos" do filósofo e que isso é uma "traição"

Vélez: ministro está promovendo mudanças na pasta após crise envolvendo hino nacional (Marcello Casal jr/Agência Brasil)
CC

Clara Cerioni

Publicado em 8 de março de 2019 às 18h27.

Última atualização em 8 de março de 2019 às 19h14.

São Paulo — O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez , promoveu, nesta sexta-feira (8), uma série de exonerações de servidores indicados por Olavo de Carvalho para trabalhar na pasta. As exonerações foram publicadas no Diário Oficial da União.

Segundo uma publicação no Facebook de Silvio Grimaldo, aluno de Olavo e que atua diretamente com Veléz, o ministro está fazendo um "expurgo de alunos" do filósofo, considerado "guru" do governo Bolsonaro.

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Em seu perfil, ele disse que recebeu uma ligação durante o Carnaval avisando que perderia suas funções no gabinete e seria transferido para um cargo com a função de "enxugar gelo e fazer guerra cultural".

Grimaldo não aceitou a proposta e, segundo informou, pediu exoneração, que deve sair nos próximos dias.

"Dada a absurdidade da proposta, que veio como uma decisão tomada e consumada, e vendo que o mesmo destino fôra (sic) dado a outros funcionários ligados ao Olavo (apenas olavetes foram transferidos) e mais alinhados com as mudanças propostas pela eleição de Bolsonaro, não vi outra saída senão comunicar ao ministro meu desligamento pedir minha exoneração, que deve sair nos próximos dias", escreveu.

As postagens de Grimaldo vêm no dia seguinte à publicação de Olavo, que pediu para seus alunos abandonarem seus cargos "o mais cedo possível", uma vez que o governo está "repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo".

Além desses posts, Grimaldo também compartilhou outra postagem de seu guru, em que ele acusa as manobras para "bloquear a Lava-Jato na Educação".

De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o motivo do expurgo foi a polêmica decisão do MEC de pedir para escolas gravarem os alunos cantando o Hino Nacional.

A ideia da gravação, que contava também com uma carta escrita pelo ministro com o slogan de campanha do governo Bolsonaro, foi de seguidores do filósofo.

Nem gestores dos mais altos cargos do MEC foram consultados sobre a medida — o que teria gerado desconforto na pasta e enfraquecido a figura de Vélez Rodríguez.

Na manhã desta sexta-feira, poucas horas depois da fala de Olavo, o Diário Oficial da União já trouxe a exoneração de alguns servidores do MEC, considerados alunos do filósofo.

O coronel Ayrton Pereira Rippel deixou os cargos de assessor e chefe de gabinete do ministro, Rodrigo Almeida Morais e Flávio Pereira de Souza foram exonerados do cargo de assessor executivo da pasta.

Da mesma função de assessor, também foi exonerado Osmar Bernardes Junior, candidato a deputado federal pelo PSL de São Paulo e fundador do site Reaçonaria.

EXAME tentou entrar em contato com o MEC. Atualizaremos este texto assim que recebermos a resposta do Ministério.

Crise com Hino Nacional

No final de fevereiro, o ministro se envolveu em uma crise de governança após pedir as gravações de alunos cantando o Hino Nacional.

A medida foi criticada por uma série de governadores, pela advogada Janaína Paschoal e até pelo movimento do Escola sem Partido.

Na ocasião,Cláudia Costin, professora da FGV e ex-secretária municipal da Educação do Rio de Janeiro, disse a EXAME que não é permitido nem sequer fotografar alunos sem permissão por escrito dos pais e avaliou a medida como "distração".

“A sensação é que estão nos colocando para discutir questões acessórias em vez de políticas públicas urgentes, como as condições e atratividade da carreira de professor”, afirmou.

O MEC, de fato, recebeu inúmeros vídeos. No entanto, o conteúdo era outro: por meio de uma campanha, alunos começaram a enviar imagens que mostram problemas das escolas, como falta de professores e estruturas precárias.

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