Brasil

Após 6 anos, TCM considera regulares piscinões de Marta

Após seis anos, Tribunal de Contas do Município (TCM) reviu o julgamento de três contratos para a construção de piscinões em São Paulo na gestão da ex-prefeita


	Marta: contratos foram feitos sem licitação, para construção emergencial de três piscinões
 (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Marta: contratos foram feitos sem licitação, para construção emergencial de três piscinões (Antônio Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 15h38.

São Paulo - Após seis anos, o Tribunal de Contas do Município (TCM) reviu o julgamento de três contratos para a construção de piscinões em São Paulo na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) que haviam sido considerados irregulares.

A decisão do órgão em 2008 deu origem a uma ação ajuizada pelo Ministério Público Estadual (MPE) por fraude e superfaturamento contra a petista e seu secretário de Obras à época, Roberto Luiz Bortolotto, que resultou em um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) porque Marta é ministra da Cultura hoje.

Na semana passada, o TCM acolheu os recursos apresentados por Bortolotto e pela Procuradoria da Fazenda Municipal contra a decisão de 2008 e julgou as contratações regulares.

O voto que revisou o julgamento foi elaborado pelo conselheiro João Antonio, líder da gestão Marta na Câmara Municipal de São Paulo entre 2003 e 2004, e aprovado por unanimidade no plenário do tribunal.

Com a nova decisão, a defesa da ministra acredita que o inquérito aberto no STF para investigar as supostas irregularidades seja arquivado.

Assinados em 2002, no valor total de R$ 73,3 milhões, os contratos foram feitos sem licitação, para a construção emergencial de três piscinões na capital.

Na ação movida em 2009 contra Marta, Bortolotto e OAS, responsável por uma das obras, o promotor de Justiça Saad Mazloum questiona a ausência de licitação e cita auditoria do TCM que apurou superfaturamento de 75% no preço de serviço de remoção de terra de uma das obras, com prejuízo de R$ 4,6 milhões aos cofres públicos municipais.

Para o MPE, a ausência de projeto básico para a construção do piscinão do Córrego Rincão, na zona leste, feito pela OAS, permitiu aumento sobrepreço de 125% em relação ao custo inicialmente previsto.

Na ação de improbidade administrativa, o MPE pede a devolução dos R$ 4,6 milhões ao município e que a ex-prefeita seja condenada à perda de seus direitos políticos.

À época, a assessoria de Marta disse que as obras contratadas em caráter de emergência "se deram pela preservação de vidas, prevenção e diminuição de danos das chuvas".

Agora, o conselheiro João Antonio afirma em seu voto que a prefeitura "justifica satisfatoriamente a impossibilidade de promover o procedimento licitatório no prazo que dispunha para a execução e conclusão das obras" e que "não vislumbro provas nos autos que comprovem a discrepância de preços praticados à época".

"Diante dessas ponderações e inexistindo indícios de má-fé, danos ou comprovação de qualquer forma de prejuízo ao erário, não vislumbro, pois, a existência de qualquer irregularidade na contratação em análise", afirma João Antonio.

O voto dele foi aprovado por unanimidade no plenário do TCM no dia 14 de maio. A decisão foi remetida à prefeitura, à polícia, ao MPE e ao STF, onde o relator do processo é o ministro Teori Zavascki.

"O Tribunal de Contas do Município agiu com absoluta correção jurídica e técnica, como de costume", afirmou o advogado Pedro Estevam Serrano, que defende Marta e Bortolotto no processo do TCM.

Já o advogado David Rechulski, que defende ambos na investigação do STF, acredita que a revisão do julgamento deve levar ao arquivamento do inquérito.

"No momento que essa decisão do TCM aportar aos autos no Supremo, apresentando a reforma do entendimento de outrora, que serviu de mote para a instauração do inquérito, o processo perde o objeto. Acredito firmemente no arquivamento desses dois inquéritos policiais. Essa decisão do tribunal mostra que Marta e Bortolotto agiram dentro da mais absoluta legalidade quando decidiram realizar as contratações emergenciais", disse Rechulski.

Acompanhe tudo sobre:GovernoInfraestruturaIrregularidadesMarta SuplicyPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Brasil

Explosões em Brasília são investigadas como ato terrorista, diz PF

Sessão de hoje do STF será mantida mesmo após tentativa de atentado

Moraes diz que tentativa de atentado em Brasília não é um fato isolado

Moraes autoriza buscas em endereços associados a homem morto em tentativa de atentado