Brasil

Amorim: América do Sul precisa de grande bloco econômico

Ministro das Relações Exteriores acredita que decisão será tomada a longo prazo, mas pede um fortalecimento do atual Mercosul

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim (José Cruz/ABr)

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim (José Cruz/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Rio de Janeiro - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (27) que a América do Sul precisa ter um bloco econômico forte para enfrentar o mercado global neste século. Durante comemoração dos 50 anos da Associação Latinoamericana de Integração (Aladi), no Rio de Janeiro, o chanceler disse que um grande bloco sul-americano será importante para dar mais força ao Brasil no cenário internacional.

"Nessa economia de grandes blocos do mundo, União Europeia, Estados Unidos, China e Índia, que são blocos em si mesmo, o Brasil tem força, mas terá mais força se estiver unido aos países da região", disse Amorim.

De acordo com o ministro, não será possível, em médio prazo, ter um bloco que inclua toda a América do Sul. Mas, enquanto isso, o Brasil precisa trabalhar para firmar e aprofundar o Mercosul, bloco que reúne também Argentina, Uruguai e Paraguai, além da Venezuela, que está em processo de adesão.

Amorim disse que, além de formar um bloco com seus vizinhos, o Brasil precisa ajudar seus vizinhos a se desenvolverem, não só para criar um ambiente pacífico na região, como também para criar mercados para os produtos e serviços brasileiros.

"Quando você faz um empréstimo para construir uma estrada na Bolívia ou no Paraguai, você enfrenta resistências. Pergunta-se por que estamos fazendo na Bolívia e não no Nordeste. Porque aquilo nos interessa. Desenvolver o mercado sul-americano é de grande interesse para o Brasil. É importante porque eles são mercados para a indústria brasileira. Eles geram emprego no Brasil", afirmou.


Amorim também disse que é importante resolver a questão do superávit brasileiro nas negociações comerciais com seus vizinhos. De acordo com o chanceler, o Brasil tem um superávit "brutal" nas relações com todos os vizinhos, com exceção da Bolívia. "Temos que descobrir como eles podem vender para nós, porque não há relação que seja estável com um desequilíbrio permanente desse tipo", disse.

Durante discurso no Rio de Janeiro, Amorim também disse que o Brasil teve, nos últimos anos, uma política externa "ousada", citando a aproximação do país com nações como a Líbia, a Síria e o Irã. "Fizemos coisas que as pessoas não estavam acostumadas a ver o Brasil fazer", disse.

Segundo Amorim, o Brasil é um país grande, que deve atuar "com independência, sem medo e sem ter de pedir licença para cada ação". "Podemos discutir e consultar, como se faz na política interna, como se faz na vida, mas sem submissão", afirmou.

O ministro disse que o Brasil tem assumido um papel importante em questões internacionais, como as negociações com o Irã e os diálogos de paz entre palestinos e israelenses. Como exemplo disso, Amorim citou a iniciativa do negociador palestino Saeb Erekat de pedir, nesta semana, a participação do Brasil nas negociações entre Israel e Palestina, junto com o Quarteto (Estados Unidos, União Europeia, Rússia e ONU) e outros países, como a Noruega, a China e nações árabes.

Leia mais notícias sobre comércio exterior

Siga as notícias do site EXAME sobre Economia no Twitter


Acompanhe tudo sobre:América LatinaComércioComércio exteriorDados de BrasilMercosul

Mais de Brasil

Quem são as vítimas da queda de avião em Gramado?

“Estado tem o sentimento de uma dor que se prolonga”, diz governador do RS após queda de avião

Gramado suspende desfile de "Natal Luz" após acidente aéreo

Lula se solidariza com familiares de vítimas de acidente aéreo em Gramado