Alta de juro em janeiro é quase 100% certa, diz BNP Paribas
Analista do banco considera que novo comando do BC deverá fazer quatro altas seguidas no início de 2011
Da Redação
Publicado em 22 de dezembro de 2010 às 13h17.
São Paulo - A chance de o Banco Central iniciar a alta dos juros em janeiro foi para quase 100% após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, disse Marcelo Carvalho, economista-chefe para a América Latina do Banco BNP Paribas Brasil SA.
“O relatório trouxe uma mensagem clara de que o BC se prepara para elevar os juros em um futuro próximo”, disse Carvalho em entrevista por telefone de São Paulo. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária deve marcar o início de um ciclo de alta de 200 pontos-base, segundo o economista.
Segundo Carvalho, esse ciclo contará com quatro elevações consecutivas de 50 pontos. A reunião entre os dias 18 e 19 de janeiro será a primeira sob o comando do novo presidente do BC, Alexandre Tombini.
No mercado de juros futuros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro de janeiro de 2012 subia 12 pontos, para 12,12 por cento, às 11h36, para a maior taxa em mais de uma semana. Contratos com vencimento a partir de janeiro de 2014 estão em queda.
O Relatório Trimestral do BC disse que “é importante destacar que, no regime de metas para a inflação, desvios em relação à meta, na magnitude dos implícitos nessas projeções, sugerem necessidade de implementação, no curto prazo, de ajuste na taxa básica de juros, de forma a conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia, bem como de reforçar a ancoragem das expectativas de inflação”.
“Quando o BC fala em ajuste no curto prazo, a chance de alta em janeiro fica perto de 100 por cento”, disse Carvalho. Para o economista, o recuo dos juros futuros em prazos mais longos mostra uma reação positiva do mercado às sinalizações do BC. “Quanto mais cedo começa o ajuste, menor a necessidade de um prolongamento do aperto monetário.”
Comprometimento do BC
Segundo Carvalho, o Relatório Trimestral evidencia o comprometimento do BC com o regime de metas de inflação.
“O que se espera do BC é uma ação pronta e, quanto mais efetiva for esta ação, menos o BC tem de agir no longo prazo”, disse ele.
De acordo com Marcelo Carvalho, a avaliação do BC como um todo para a inflação mudou. Uma das alterações é a do efeito do cenário global sobre a economia doméstica, agora apontada pelo BC como fonte de maior risco inflacionário, em razão principalmente da alta das commodities.
“O BC vinha dizendo que o cenário externo era deflacionário”, disse ele. Agora, Carvalho vê a avaliação do cenário externo pelo BC como ambígua, e talvez inflacionária. “Foi uma mudança importante.”