Geraldo Alckmin, sobre saída de Temer: "nesse momento não seria correto com o País" (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de maio de 2017 às 09h59.
Última atualização em 24 de maio de 2017 às 11h08.
São Paulo - Com o afastamento do senador Aécio Neves do comando nacional do PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, principal adversário do tucano mineiro na legenda, afinou o discurso com a cúpula nacional do partido e se aproximou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apontado por tucanos paulistas como o "nome ideal" para disputar uma eventual eleição indireta.
Na segunda-feira, 22, Alckmin barrou um movimento do diretório paulista do PSDB que ameaçava pedir a renúncia de Temer.
Os diretórios tucanos do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul já se posicionaram em defesa da renúncia de Temer e há forte pressão tucana na Câmara para que o partido siga esse caminho.
Na ausência de Aécio, que até a delação da JBS ainda comandava com mão de ferro a executiva nacional tucana, Alckmin ganhou protagonismo no núcleo duro da sigla e passou a ser apontado até por aliados de Aécio como opção natural tucana para disputar a eleição presidencial do ano que vem. Ele tem conversado regularmente com FHC e com o senador Tasso Jereissati (CE), que assumiu o partido deforma interina.
O trio formou uma espécie de conselho informal do partido. Antes relegado ao segundo plano, o governador paulista passou a ser consultado com frequência sobre os rumos do PSDB desde a semana passada.
A avaliação entre auxiliares do governador é de que a nova dinâmica partidária fortalece a posição de Alckmin no partido para 2018 e esvazia a tese de realizar prévias para definir o candidato tucano.
Recebida com surpresa na bancada tucana na Câmara, a decisão de Alckmin de defender a permanência do PSDB no governo Temer foi tomada após várias conversas com FHC e Tasso e teve objetivo de conter a pressão da base tucana pelo desembarque imediato do Palácio do Planalto.
"Nesse momento não seria correto com o País", disse o governador em um evento anteontem no Fórum da Barra Funda, na capital.
Em seguida, porém, disse concordar com o prefeito da Capital, João Doria, que a situação do presidente Temer é "comprometedora".
O governador paulista não se pronunciou sobre a eventualidade de uma eleição indireta, mas, segundo, pessoas próximas, ele deve apoiar publicamente os nomes de FHC ou de Tasso caso haja a disputa. A decisão será tomada em conjunto.
Em caráter reservado, integrantes da executiva nacional tucana avaliam que dificilmente um nome do Judiciário, como o de Carmem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, reuniria apoio suficiente no colégio eleitoral, formado por deputados e senadores.
A crise foi o tema de reunião na noite de segunda no diretório que reuniu o principais quadros do partido. A expectativa era de que os paulistas seguissem o mesmo caminho dos diretórios gaúcho e fluminense, mas o movimento foi barrado pelo governador Geraldo Alckmin.
"Decidimos não decidir. Vamos esperar uma decisão do (diretório) nacional", disse o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do diretório paulista.
Em consonância com o Palácio dos Bandeirantes, Tobias também declarou voto no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como candidato na eleição indireta e relatou que esse é o sentimento majoritário com o partido no Estado.
"Meu candidato em caso de eleições indiretas é o FHC. Há quase uma unanimidade no partido em São Paulo."
Já o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, discorda. "Acho difícil, e não é pela idade. Sabemos que ele (FHC) teria objeções muito fortes de vários setores". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.