TEMER E A PRIMEIRA DAMA MARCELA: encontro com o bom velhinho em momento de novas denúncias / Beto Barata/PR
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2016 às 17h58.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h39.
O presidente Michel Temer está determinado a criar uma agenda positiva para seu governo. Na terça-feira, aprovou a PEC do Teto de Gastos Públicos no Senado; na quinta, aprovou o orçamento; hoje, entregou presentes a crianças no Palácio do Planalto e homenageou os colombianos envolvidos no resgate das vítimas da tragédia com a delegação da Chapecoense. No campo econômico, Temer disse hoje que não há mais espaço para “feitiçaria” na condução da Fazenda e que o governo não vai ceder às “soluções fáceis” para recuperar o país.
É um duelo de gato e rato, já que as notícias ruins o perseguem. Se, por um lado, prestigia as autoridades colombianas com uma cerimônia oficial, por outro, deixa de comparecer ao evento do sepultamento de dom Paulo Evaristo Arns, em São Paulo, que acontece ao mesmo tempo. Segundo assessores da Presidência, Temer evitou aparecer para não correr risco de ser confrontado por manifestações “de esquerda”.
Nesta sexta-feira, seu nome foi citado novamente nas investigações da Lava-Jato, desta vez em reunião que incluiu a Odebrecht e o ex-deputado Eduardo Cunha. Para piorar, um relatório do Tribunal Superior Eleitoral apontou indícios de irregularidades, como fraude e desvio de recursos de campanha, na chapa com Dilma Rousseff em 2014. No fim de semana, ele havia sido acusado por Cláudio Melo Filho, ex-presidente de Relações Institucionais da empresa, de pedir 10 milhões de reais à empreiteira para a campanha do PMDB em 2014. Em outra polêmica da semana, Temer pediu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que desse celeridade às investigações da Lava-Jato.
De escândalo em escândalo, e de queda do PIB em queda do PIB, o presidente vê sua popularidade ruir. A pesquisa CNI-Ibope, divulgada nesta sexta-feira, mostra reprovação recorde de sua gestão, chegando a 46% de ruim e péssimo e 35% de regular. Opinam como ótimo ou bom 13% dos entrevistados. Destaca-se negativamente o fato de 72% afirmarem que não confiam no presidente, 42% considerarem o governo igual ao de Dilma Rousseff e 34% pior que o dela. Para resistir até 2018, Temer precisa se livrar das acusações, levantar a economia e melhorar sua aceitação pública. Só foto com o bom velhinho não basta.