Afinal, vai ter greve dos caminhoneiros no dia 1º?
Lideranças da greve de 2018 tentam recuperar força do movimento e agitam grupos de WhatsApp; entidade de transportadores autônomos revela ceticismo
Carla Aranha
Publicado em 27 de outubro de 2021 às 11h56.
Última atualização em 29 de outubro de 2021 às 10h15.
Em mais uma convocação para uma greve, entidades como o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), vêm mobilizando grupos de caminhoneiros no WhatsApp — a ideia é parar o Brasil no dia 1º, véspera do feriado de Finados. William Landim (mais conhecido como Chorão), um dos líderes da paralisação de 2018, é um dos mais entusiastas de um bloqueio geral nas estradas na próxima segunda. “Nosso nível de organização hoje é até maior do que o de 2018”, tem dito a interlocutores.
Chorão tem sido uma das vozes mais ativas do movimento, ao lado de figuras como Plínio Dias, presidente da Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) — juntos, eles ajudaram a promover a greve de 2018, que parou o país.
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Neste ano, eles não têm tido tanto sucesso em relação às tentativas de paralisação. Houve cinco iniciativas de parar as estradas desde o início do ano, todas naufragadas. O último bloqueio (parcial) aconteceu logo depois do feriado de 7 de setembro, por iniciativas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, e foi resolvido em poucos dias.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne dezenas de entidades que representam os caminhoneiros, afirmou ter consultado mais de 100 sindicatos da categoria e sete federações a respeito de uma eventual greve no dia 1º. Segundo a CNTA, não há registros de adesão à paralisação.
O Ministério da Infraestrutura, interlocutor do governo junto aos transportadores, também afirma não ter recebido comunicados sobre convocações de greve.
Nos bastidores de entidades que reúnem dezenas de milhares de caminhoneiros, a avaliação é que se trata mais de um ato político do que um amplo movimento pelos direitos da categoria.
Paira a incerteza se de fato a greve vai acontecer. A última novidade sobre a adesão doSindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) à paralisação, divulgada por meio de comunicado nesta quinta, 28, após uma assembleia com cooperativas e sindicatos.
Uma das maiores preocupações dos caminhoneiros é com o aumento do custo do combustível. Nesta segunda, dia 25, a Petrobras anunciou um novo reajuste. Na terça, dia 26, o preço da gasolina subiu 7% nas refinarias. O diesel aumentou 9%. Com isso, a alta da gasolina no ano já passa de 70%, mesmo patamar do diesel.