73% dos eleitores admitem que podem mudar de voto até outubro, diz Ibope
Para a CNI, a alta insatisfação com a corrupção e o descrédito com a classe política provocam este cenário. Este é o maior nível nas últimas cinco eleições
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de agosto de 2018 às 17h25.
Última atualização em 2 de agosto de 2018 às 17h27.
São Paulo - Quase três quartos do eleitorado brasileiro admitia em junho mudar a escolha do candidato a presidente até 7 de outubro, data do primeiro turno. A informação consta em levantamento feito pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI ), cujos números de intenção de votos foram divulgados em 28 de junho. O estudo foi detalhado nesta quinta-feira, 2.
Em um cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 73% dos eleitores que declararam voto em algum candidato admitem mudar de opinião sobre suas escolhas. Deste total, 25 pontos porcentuais se referem àqueles que dizem que a escolha é firme, mas que pode mudar no decorrer da campanha; 23 pontos porcentuais às pessoas que dizem que a opção atual é de momento; e outros 23 pontos aos eleitores segundo os quais o candidato apontado é apenas uma preferência inicial. Ainda, 2 pontos porcentuais não souberam ou não responderam. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais e o intervalo de confiança é de 95%.
O levantamento mostrou que 62% dos eleitores se informavam sobre seus candidatos pela TV. Jornais, canais de notícias e portais (33%) e redes sociais e blogs (26%) também foram citados. Nesta pergunta, mais de uma resposta era possível.
A pesquisa mostra que, àquela altura da corrida eleitoral, 59% dos brasileiros disseram não saber em quem votar ou que vão anular o voto, quando apresentados a uma lista de candidatos. É o maior nível nas últimas cinco eleições. Para a CNI, a alta insatisfação com a corrupção e o descrédito com a classe política provocam este cenário.
Na análise da CNI, o eleitor ainda não encontrou o candidato ideal. "A decisão vai acontecer muito mais próxima da eleição que nas eleições anteriores. A gente percebe que a maioria dos eleitores não conhece os candidatos e suas propostas. Até entre os que já escolheram candidatos, ainda há alguma indecisão", afirma o gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, em nota distribuída pela entidade.
Apesar de 70% dos eleitores concordarem total ou parcialmente que a eleição pode mudar o País, 45% se dizem pessimistas ou muito pessimistas com a eleição para presidente. O pessimismo, de acordo com o levantamento, resulta no baixo interesse pelo processo eleitoral. Entre os entrevistados, 61% afirmaram que têm pouco ou nenhum interesse no pleito de outubro, enquanto os eleitores com interesse alto ou médio somaram 38%.
O levantamento entrevistou 2 mil pessoas entre os dias 21 e 24 de junho. Na pesquisa, divulgada em 28 de junho, Lula liderava o cenário com 33% das intenções de voto, seguido por Bolsonaro (15%), Marina (7%) Ciro (4%) e Alckmin (4%). Sem Lula, Bolsonaro liderava com 17%. Marina (13%), Ciro (8%) e Alckmin (6%) apareciam na sequência. O estudo está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-02265/2018.
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Entre os quatro principais pré-candidatos ao Planalto, Jair Bolsonaro (PSL) tinha o maior número de eleitores convictos de que não mudarão de voto na pesquisa. Entre os eleitores do deputado fluminense, 34% disseram que a decisão é definitiva e que não mudarão de escolha de nenhuma maneira. Esse índice cai para 26% no caso de Ciro Gomes, 23% entre os eleitores de Geraldo Alckmin e 22% no eleitorado com preferência por Marina Silva.
Além do eleitorado mais convicto, o pré-candidato do PSL tinha o maior porcentual de eleitores que declaravam voto por gostar dele e apoiar suas ideias (47%), enquanto 39% dos eleitores de Alckmin; 37% de Ciro; e 31% de Marina apontavam essa razão. Outro dado destacado pela pesquisa foi que Ciro Gomes apresentou a maior proporção de eleitores que votavam nele apenas por não gostar das demais opções (21%), empatado tecnicamente com Marina Silva (19%) e seguido por Alckmin (17%) e Bolsonaro (9%).
Herança
Na pesquisa feita em junho, Marina Silva e Ciro Gomes eram os principais herdeiros dos votos do Lula em caso de ausência do petista na eleição. Entre os eleitores que votariam no ex-presidente como primeira opção, 16% migram para Marina e 11%, para Ciro. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que foi colocado na pesquisa como o candidato do PT nesse cenário, ficava com 3% das intenções de voto.
Entre os eleitores que optaram por Lula na sondagem, 55% escolhem outro candidato quando seu nome não constava da lista de opções, enquanto 36% declararam votar em branco ou nulo e 9% se disseram indecisos.