1,2 milhão de mulheres foram vítimas de violência no Brasil em 7 anos
Parceiros representam 36% dos autores dos ataques e mulheres negras são os principais alvos, aponta uma nova ferramenta do Instituto Igarapé
damascenovictoria
Publicado em 25 de novembro de 2019 às 15h37.
Última atualização em 25 de novembro de 2019 às 15h43.
São Paulo -Cerca de 1,23 milhão de mulheres foram atendidas pelo Sistema Único de Saúde ( SUS ) no Brasil por serem vítimas de violência entre 2010 e 2017. Entre todos os casos, seus parceiros representam 36% entre os autores dos ataques.
As ocorrências se intensificam entre as mulheres negras: são os principais alvos de todos os tipos de violências e somam 57% dos casos de violência sexual e 51% dos casos de agressões. No período de 7 anos, a violência contra mulheres negras cresceu 409%, enquanto contra mulheres brancas aumentou 297%.
Nomeada EVA (Evidências sobre Violências e Alternativas para Mulheres e Meninas), a ferramenta divide as informações por idade, raça, classe social e mostra realidade de cada um dos mais de 9 mil municípios pesquisados. As informações são relativas à violência física, patrimonial, psicológica, moral e sexual.
De acordo com o levantamento, as mulheres são as principais vítimas de todos os crimes de violência, à exceção do homicídio. Os números, no entanto, não são exatos.
Nem sempre todas as ocorrências podem ser coletadas pois muitas vezes os crimes não são reportados pelas vítimas. Entre 2010 e 2017, porém, mais de dois milhões registraram ocorrências de violência nos três países.
Mesmo as ocorrências registradas muitas vezes não estão disponíveis publicamente ou não estão organizadas com metodologia única, devido a problemas como o preenchimento incompleto e incorreto em sistemas de segurança. Estados como Goiás e Piauí, por exemplo, não responderam a nenhuma das solicitações das pesquisadores.
De acordo com o Igarapé, um dos objetivos da ferramenta é “tornar essas lacunas evidentes e exigir a produção de informação qualificada, de fácil acesso e que sirva para apoiar a melhoria de políticas de prevenção e enfrentamento”.
Entre as categorias do projeto está o mapeamento das leis relacionadas a direitos humanos de mulheres e também de iniciativas que buscam combater e prevenir a violência de gênero. O estudo conta que no Brasil existem 280 iniciativas, seguida da Colômbia com 250 e do México com 180.