Trump: "Tenho o prazer de anunciar esta tarde que os Estados Unidos ficarão com uma pequena parte das centenas de bilhões de dólares que recebemos em tarifas" (Andrew Caballero-Reynolds/Getty Images)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 17h51.
Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 17h53.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 8, um pacote de US$ 12 bilhões para apoiar agricultores afetados pelos baixos preços das commodities e pelas disputas comerciais conduzidas pelo governo.
"Tenho o prazer de anunciar esta tarde que os Estados Unidos ficarão com uma pequena parte das centenas de bilhões de dólares que recebemos em tarifas. Vamos usar esse dinheiro para fornecer US$ 12 bilhões em assistência econômica aos agricultores americanos", disse Trump durante o anúncio.
A maior parte dos recursos — US$ 11 bilhões — será destinada a pagamentos diretos a produtores de culturas agrícolas incluídas no programa de Assistência Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O US$ 1 bilhão restante atenderá culturas que não estão cobertas pelo mecanismo principal.
🚨 @POTUS: "I'm delighted to announce this afternoon that the United States will be taking a small portion of the hundreds of billions of dollars we receive in tariffs... We're going to use that money to provide $12B in economic assistance to American farmers." pic.twitter.com/upHPD6a9eP
— Rapid Response 47 (@RapidResponse47) December 8, 2025
Embora os agricultores tenham sido um dos grupos que mais apoiaram Trump, o setor vem sofrendo durante seu segundo mandato com a volatilidade gerada por conflitos comerciais, sobretudo com a China.
Segundo a Casa Branca, o pacote foi elaborado para ajudar produtores impactados por “anos de ações comerciais injustificadas” e pela inflação acumulada no período.
No início do anúncio, Trump afirmou que o valor da ajuda seria de US$ 12 bilhões. No entanto, mais tarde, a secretária de Agricultura, Brooke Rollins, corrigiu a informação, esclarecendo que o governo liberará US$ 11 bilhões de imediato e manterá US$ 1 bilhão reservado.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China derrubou as exportações americanas de soja e levou compradores chineses a adiar novos pedidos — priorizando o grão brasileiro. Neste ano, os embarques do Brasil para o país asiático devem superar 100 milhões de toneladas.
Historicamente, Brasil e EUA disputam a liderança no fornecimento à China. Em 2024, o país asiático importou 105 milhões de toneladas de soja, das quais 71% vieram do Brasil e 21% dos Estados Unidos, segundo dados do TradeMap, da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A demanda enfraquecida pressionou os preços globais. Uma trégua recente entre os dois governos, porém, abriu espaço para uma retomada gradual das compras americanas. Até agora, a China já adquiriu quase 5 milhões de toneladas de soja dos EUA — dentro do acordo que prevê 12 milhões de toneladas.
Paralelamente, Trump prometeu apoio aos pecuaristas, em meio à escalada dos preços da carne bovina ao consumidor. Os custos subiram por fatores combinados, entre eles a seca e a queda das importações de gado do México em razão de uma praga sanitária.
O cenário atual remete ao primeiro mandato de Trump, quando as tarifas impostas pelo governo provocaram perdas superiores a US$ 27 bilhões nas exportações agrícolas entre 2018 e 2019. À época, a Casa Branca destinou US$ 23 bilhões para compensar os produtores prejudicados.