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Tomates do ketchup Heinz 'lutam' contra as mudanças climáticas

Califórnia, que cultiva todos os tomates que a empresa usa, teve seu julho mais quente de todos os tempos

Uma garrafa típica de ketchup pode ter 10 tipos de tomate (Oli Scarff/Getty Images)

Uma garrafa típica de ketchup pode ter 10 tipos de tomate (Oli Scarff/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 16 de agosto de 2024 às 08h36.

Para o ketchup, nada é mais importante do que tomates. E o principal ingrediente do molho está enfrentando problemas por causa das mudanças climáticas.

Para se ter uma ideia da grandeza de que estamos falando, que tal citarmos a Kraft Heinz?

A gigante de alimentos embalados tem valor de mercado estimado de US$ 42 bilhões - a marca Heinz, por si, vale mais de 10% da companhia inteira, de acordo com a Bloomberg. A Heinz produz 660 milhões de potes de ketchup a cada ano, 300 milhões delas nos EUA. A marca tem uma participação de mercado de 70% nos EUA.

Resiliência, calor, estresse hídrico e salinidade do solo estão entre os desafios que Patrick Sheridan, vice-presidente de agricultura global e sustentabilidade da Kraft Heinz, chama de "problemas de longo prazo".

Tomates ameaçados

Em seu centro de pesquisa HeinzSeed na Califórnia, a empresa passou mais de 150 anos evoluindo a fruta para garantir que os tomates cultivados no campo possam ser processados na pasta perfeita. As sementes patenteadas são vendidas a revendedores de sementes, que as vendem aos fazendeiros. A Kraft Heinz compra os tomates de volta dos fazendeiros, tornando-se a “maior compradora de tomates para processamento do mundo”, de acordo com um porta-voz da empresa.

A Califórnia, onde todos os tomates para o ketchup Heinz vendidos nos EUA são cultivados, acabou de experimentar seu julho mais quente de todos os tempos. Daniel Swain, um cientista climático da Universidade da Califórnia em Los Angeles, descreveu o calor em seu blog como “notável não apenas por sua intensidade... mas também por sua duração”. Algumas áreas registraram temperaturas recordes durante o dia e a noite, que frequentemente ultrapassaram 38 graus Celsius".

A HeinzSeed realiza cerca de 800 testes de variedades de tomate de uma vez para identificar gradualmente as plantas mais promissoras. (Uma garrafa típica de ketchup contém cerca de 10 variedades.) A empresa quadruplicou seu investimento nesses testes, que levam cerca de cinco anos do teste inicial ao cultivo em massa.

Procurar frutas que possam suportar altas temperaturas faz parte do processo de melhoramento do tomate, mas o calor deste ano foi especialmente intenso. Os fazendeiros já estão fazendo ajustes. A maioria enterra seus sistemas de irrigação profundamente no solo para encorajar as raízes a encontrar água.

Pessoas ligadas a esse ecossistema disseram à Bloomberg que acredita, que pesquisas adicionais identificarão mais abordagens, observando que os tomates "selvagens" são geneticamente evoluídos para tolerância ao calor e à seca, já que essas ondas com altas temperadas devem se tornar mais frequentes daqui para frente. “Ainda não encontramos um tomate resistente à seca, mas mudamos as práticas de cultivo para usar menos água", falou Mike Montna, presidente e CEO da California Tomato Growers Association.

A temporada de colheita deste ano está bem encaminhada, mas não será concluída até meados de outubro, quando os pesquisadores da Kraft Heinz descobrirão como suas frutas se saíram no calor extremo do verão. O rendimento quase certamente será afetado, de acordo com especialistas, com alguns dizendo que chegou a 20%.

Zach Bagley, diretor administrativo do California Tomato Research Institute, diz que é muito cedo para prever resultados específicos. Ainda assim, "é certo que haverá alguma perda de rendimento", disse ele.

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