EXAME Agro

Apoio:

LOGO TIM 500X313

Safra de arroz deve ter quebra este ano: o que acontece com os preços?

Mudanças climáticas prejudicam plantações no Rio Grande do Sul, que responde por 70% da produção brasileira, e guerra na Ucrânia pressiona mercado global

Cultivo de arroz no Rio Grande do Sul: é esperada quebra de safra (Getty Images/Getty Images)

Cultivo de arroz no Rio Grande do Sul: é esperada quebra de safra (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 26 de maio de 2022 às 16h55.

Última atualização em 26 de maio de 2022 às 16h59.

Temperaturas acima da média no verão deste ano devem provocar uma quebra de safra de arroz de 9% no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção do cereal no país, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O último boletim da consultoria Agro Itaú BBA, do banco Itaú, obtido com exclusividade pela EXAME, aponta que os fenômenos climáticos que atingiram o Sul do país prejudicaram o volume da colheita como e a qualidade do arroz a ser entregue para a indústria. As perdas aconteceram principalmente nas regiões da Fronteira Oeste e Campanha.

Com a proximidade do final da colheita, já é possível estimar os resultados da safra atual. A produção total deve chegar a 10,6 milhões de toneladas, cerca de 8,5% menos do que na última temporada. “Com a desvalorização do real, a competitividade para a exportação aumentou e estimulou as vendas externas do cereal, enxugando o mercado temporariamente”, na visão da consultoria.

Os preços ao consumidor tiveram um aumento de 21%, em média, no início do ano, em um raro movimento de alta no período. No mercado internacional, o aumento foi de 2%, segundo o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad) da França. A guerra na Ucrânia, que desarranjou o mercado global de grãos, levou os importadores de milho e trigo a buscar mais o arroz para compor a ração animal, de acordo com o órgão, elevando a cotação global do alimento.

A boa notícia é que safra nos Estados Unidos deve ser recorde, atingindo 765 milhões de toneladas. Com isso, o balanço mundial tende a ficar mais confortável, na visão do Itaú. “Se considerarmos as cotações do arroz no Vietnã, houve alta dos preços locais de 4% em abril frente a fevereiro de 2022, contudo, se considerarmos o mesmo período do ano passado, o cereal está 14,9% abaixo do valor que era comercializado”, analisa o banco. “Em Chicago, no entanto, o preço do arroz em casca ganhou força nas últimas semanas em função do clima seco e da redução da área do cereal”.

Para a safra do ciclo 2022/2023 nos Estados Unidos, que começou a ser plantada, a projeção é de uma redução de cerca de 4,7% em relação ao ciclo anterior, o que também ajuda a explicar o aumento de preços na bolsa de Chicago. No mercado asiático, também tem sido observados movimentos de alta “em função do aumento dos custos logísticos, de combustíveis e a apreciação das moedas locais”, segundo o Itaú.

LEIA MAIS:

Notícias exclusivas de agro e o que movimenta o mercado

Você já conhece a newsletter semanal EXAME Agro? Você assina e recebe na sua caixa de e-mail as principais notícias sobre o agronegócio, assim como reportagens especiais sobre os desafios do setor e histórias dos empreendedores que fazem a diferença no campo.

Toda sexta-feira, você também tem acesso a notícias exclusivas, o que move o mercado e artigos de especialistas.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAlimentosExame-AgroMudanças climáticasSecas

Mais de EXAME Agro

Aumento de custos, menos crédito e mais exportação: como o dólar alto afeta o agro brasileiro

Lei antidesmatamento da União Europeia avança para o Conselho Europeu

Cacau beira os US$ 12 mil e expectativa é de mais volatilidade em 2025

Os planos da maior marca de azeite da Itália para cair — de vez — no gosto do brasileiro em 2025