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Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 13 de novembro de 2024 às 13h07.
A SLC Agrícola, que comercializa soja, algodão, milho e sementes, afirmou nesta quarta-feira, 13, que a safra 2025/26 deve enfrentar margens apertadas para o agronegócio.
“Não há espaço para menores custos. A previsão dos especialistas de mercado é de margens apertadas para o setor, com a importância de fixar os custos no momento certo para obter melhores resultados”, disse o CEO, Aurélio Pavinato, durante o call de resultados da companhia.
Segundo Pavinato, os preços das commodities devem permanecer baixos por causa do possível aumento da produtividade dos grãos. Embora ainda seja cedo para projeções precisas, ele destaca que o cenário-base para o próximo ciclo, que começa em 1º de julho de 2025, é de estabilidade nos preços.
“Quando olhamos para o setor como um todo, nossa expectativa é que a rentabilidade da safra de 2025/26 seja muito semelhante à de 2024/25”, afirmou. A declaração do CEO ocorre após a SLC reportar um prejuízo de R$ 17,3 milhões no terceiro trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 167,3 milhões registrado no mesmo período de 2023.
Os resultados foram impactados pela queda nos lucros do milho, afetado pela distribuição irregular das chuvas, e pela desvalorização dos ativos biológicos, o que inclui a receita e os custos dos produtos em crescimento, além da redução no valor dos estoques.
A receita líquida da SLC encolheu 1% no terceiro trimestre, totalizando R$ 1,63 bilhão. As vendas de algodão em pluma aumentaram 46,4% em volume, alcançando 83,3 mil toneladas, mas houve queda de 12,1% no valor por tonelada. As vendas de caroço de algodão cresceram 12,3% no trimestre, chegando a 137,2 mil toneladas.
As vendas de soja em grãos e sementes subiram 97,8%, para 136,1 mil toneladas, devido ao atraso na safra 2023/24, enquanto o volume de milho comercializado recuou 41,4%, para 393 mil toneladas. No setor pecuário, a venda de gado aumentou 77,7%, somando 15.174 cabeças.
O Ebitda ajustado caiu 5,8%, para R$ 463,1 milhões, com a margem Ebitda ajustada recuando 1,4 ponto percentual, atingindo 28,4%. A geração de caixa foi positiva em R$ 147,5 milhões, mas registrou uma queda de 74,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2023. O desempenho reflete o término dos pagamentos de insumos e o início do faturamento do algodão e milho da safra 2023/24.
Em outubro, a SLC solicitou à Comissão de Valores Mobiliários um registro de oferta pública de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA), com o objetivo de captar R$ 400 milhões para alongar o perfil da dívida a um custo competitivo.
Além disso, a companhia adquiriu 18,8% da sua controlada indireta, SLC Landco, por R$ 524,8 milhões, com o pagamento dividido em duas parcelas: um terço pago em outubro e o restante em março de 2025.
A SLC aposta em um desempenho positivo na safra 2024/25 de algodão, com o Brasil mantendo a posição de maior exportador mundial da fibra, consolidada em 2023/24, quando o país colheu 3,7 milhões de toneladas e exportou 2,7 milhões de toneladas.
As compras de fertilizantes estão 100% concluídas, enquanto 96% dos defensivos agrícolas para a temporada já foram adquiridos. A SLC disse que a área plantada para a safra 2024/25 será de 734 mil hectares, aumento de 11% em relação à temporada 2023/24.
"Os custos por hectare orçados para a safra 2024/25 diminuíram 5,2% em relação ao orçado para a safra 2023/24, disse o CEO. “Essa queda reflete principalmente o declínio dos preços dos fertilizantes, defensivos e sementes que possuem uma forte correlação com os preços das commodities.”
O crescimento na área reflete as últimas operações da empresa, incluindo a ampliação da parceria com o Grupo Soares Penido, a joint venture com a Agropecuária Rica e um novo contrato de arrendamento no Piauí.
A SLC acredita que as condições climáticas devem impulsionar a produtividade na maioria das culturas, com expectativas de aumento de 18% na soja, 2,3% no algodão em pluma de primeira safra, 2,5% no algodão de segunda safra, 2,3% no caroço de algodão, enquanto o milho de segunda safra pode enfrentar uma ligeira queda na produtividade, estimada em 0,6%.