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(Mauro Zafalon/Folhapress)
Bloomberg
Publicado em 1 de maio de 2021 às 08h00.
A produção de açúcar do Brasil pode cair em até 20% em 2021-22 com o impacto do clima seco na produtividade, o que ameaça reduzir o volume de cana-de-açúcar para o menor nível em uma década, segundo uma das maiores tradings mundiais da commodity.
Com o clima mais seco do que o normal no estado de São Paulo desde o ano passado, a produção de açúcar na região Centro-Sul pode cair para 31 milhões de toneladas na temporada de 2021-22, segundo relatório da Wilmar International visto pela Bloomberg. O volume se compara à estimativa de 38,5 milhões de toneladas na temporada passada.
“A previsão de tempo seco deve continuar nos próximos 30 dias e poderíamos reduzir ainda mais nossas projeções de safra se a falta de chuva continuar estressando a colheita", disse em entrevista por telefone Karim Salamon, chefe de análise de mercado de açúcar da Wilmar, que tem sede em Cingapura.
São Paulo, que responde por 68% da produção total de cana da região, registrou o clima mais seco em duas décadas em cinco dos seis meses até março, e a queda da produtividade pode chegar a 20% em algumas áreas, estima Salamon. Os riscos para a safra do maior produtor mundial da commodity também sustentam os preços do açúcar bruto, que atingiram a maior cotação em seis semanas em Nova York na semana passada. O açúcar acumula alta de 5% desde janeiro.
Embora a produção menor de cana possa reduzir a oferta de açúcar do Brasil, a quantidade final também dependerá de quanto caldo é desviado para produzir etanol. Isso, por sua vez, também está muito condicionado às perspectivas para os preços de energia e à recuperação da demanda doméstica por etanol no país.