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O Fiagro de terra da Arar Capital vem aí – e quer captar R$ 500 milhões

Fiagro da Arar Capital com distribuição do AndBank inicia com R$ 160 milhões em investimentos de investidores âncoras

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 14 de agosto de 2024 às 11h18.

Última atualização em 14 de agosto de 2024 às 12h26.

Aproximar a Faria Lima do mercado agro e de terras é um dos objetivos da Arar Capital, gestora recém-criada por José Humberto Teodoro, ex-Terra Santa, e Paulo Ciampolini, da Baraúna Investimentos, ao lançar o Fiagro de Terra em parceria com o AndBank – o anúncio foi feito nesta terça-feira, 13, na sede do banco, no coração do mercado financeiro de São Paulo.

“Nossos clientes demandam por teses no mercado agrícola. Sem dúvida, estamos aproximando mais ainda a Faria Lima do mercado agro e de terras”, afirma Brunna Viana, head de agro no AndBank.

No segundo trimestre deste ano, os fiagros registraram R$ 934,6 milhões em volume de emissões, um crescimento de 118,8% na comparação com o trimestre anterior, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), divulgados no final de julho.

A expectativa do fundo é captar R$ 500 milhões, mas o valor pode ser ultrapassado e alcançar R$ 1 bilhão até o final do ano – o fiagro da Arar Capital e do AndBank já inicia com R$ 160 milhões de investidores âncoras — a maior parte deles oriunda da base de clientes da Baraúna, segundo informou a empresa.

"Nosso objetivo é criar um fundo defensivo, que, ao mesmo tempo, permita ao gestor aproveitar oportunidades de compra ou venda conforme o momento, sempre visando maximizar o retorno para os cotistas", diz Teodoro.

Teodoro, que foi CEO da Terra Santa e diretor de compra de grãos na BRF, acredita que o momento de investir em terras é agora, justamente quando os preços da soja, principal commodity exportada pelo Brasil, estão baixos no mercado internacional, sobretudo por conta da estimativa de safra recorde no Brasil em 2024/25 e do bom desenvolvimento das lavouras de soja nos Estados Unidos.

Terras produtivas no Brasil

Segundo o gestor, o objetivo é comprar terras produtivas e arrendá-las para bons operadores. O foco principal está nas terras do Cerrado e na região do Matopiba, que inclui os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. No entanto, outros estados também serão considerados pela gestora.

Os principais fatores de valorização das terras selecionadas pelo fundo incluem a presença de sistemas de irrigação, a localização em fronteiras agrícolas, o potencial de oportunidades e a produtividade das áreas.

Um estudo apresentado por Teodoro mostra que o crescimento da demanda por grãos nos próximos anos deve superar a produtividade. Enquanto a procura pelo primeiro pode crescer entre 1,5% e 2,5%, a produtividade deve aumentar 0,9%, segundo dados da FAO, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a alimentação.

Na tese do fundo, o mundo precisa do Brasil para se alimentar e essa necessidade está embutido o uso de terras cada vez mais produtivas, como as usadas para o setor de grãos e pecuária – a Arar Capital prevê que o fundo terá uma duração de dez anos e espera um retorno anual de IPCA + 15%.

O time de governança do fundo será composto por um representante da Arar Capital e por duas grandes figuras do agronegócio nacional: a família Biagi, destacada no setor sucroenergético, e a família Rodas, conhecida pela sua expertise na produção de café e laranja no Brasil. "O fundo quer viabilizar os investimentos em terra no Brasil. O momento é bom para investir", acredita Teodoro.

Embora o fundo ainda não tenha iniciado as aquisições de propriedades, a seleção seguirá critérios rigorosos, incluindo a análise do ciclo das commodities e o potencial de valorização. Para isso, o Fiagro da Arar Capital planeja desenvolver estratégias como a criação de novas verticais, a transição para culturas de maior valor agregado e a implantação de sistemas de irrigação em áreas estratégicas.

Inicialmente, o fundo não será listado na bolsa de valores, embora essa possibilidade não esteja descartada pela gestora. Por enquanto, o fundo será negociado apenas no mercado de balcão da B3. "Nosso time tem conversado com o agro. Primeiro, precisamos sujar a bota para viabilizar investimentos em terra", defende Rodolfo Pousa, CEO do AndBank Brasil.

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