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Cerrado: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia tiveram 494 mil hectares desmatados em 2023 (Michal Fludra/NurPhoto/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 2 de outubro de 2023 às 18h45.
Dados recentes do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado) mostram que a região conhecida como Matopiba – fronteira agrícola composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – desmatou 494 mil hectares em 2023, o que significa 75% da área desmatada de todo o bioma Cerrado no ano. Apenas em agosto, foram 58 mil hectares abertos.
Dos quatro estados da fronteira agrícola, três registraram uma aceleração no ritmo de desmatamento em seu território em agosto. O Maranhão é 0 líder de desmatamento na região, com 30,6 mil hectares perdidos no período. O desmatamento no estado se concentrou, principalmente, nos municípios de Balsas, Caxias e Mirador, cuja atuação dos grãos vem se expandindo nos últimos anos. Juntas, as cidades tiveram 7,3 mil hectares suprimidas em agosto.
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O município maranhense de Balsas foi o maior desmatador do mês, com 4,6 mil hectares derrubados. Segundo o monitoramento do SAD Cerrado, um único alerta identificou o desmatamento de 1.300 hectares.
Além do distrito, em agosto, as outras nove cidades que mais perderam vegetação nativa no Cerrado estão no Matopiba. Desde o começo do ano, os municípios de São Desidério (BA) e Rio Sono (TO) também foram os principais desmatadores do bioma, respondendo por 62,6 mil hectares no total.
Na Bahia foram desmatados 8,7 mil hectares, 5,3% a mais do que em 2022. No Tocantins, o aumento foi de 36%, com 15,3 mil hectares abertos, enquanto o Piauí teve um aumento de 11% em sua área desmatada, que chegou a 7 mil hectares.
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Em todo o Cerrado, em agosto, foram desmatados 76 mil hectares. Apesar de extensa, a abertura de novas áreas foi menor quando comparada aos 91 mil hectares perdidos em julho deste ano. Ainda assim, o IPAM ressalta que foram 658 mil hectares de vegetação nativa derrubados nos primeiros 8 meses do ano, 16,9% a mais do que em 2022.
De acordo com Fernanda Ribeiro, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), órgão responsável pelo sistema de monitoramento SAD Cerrado, a conversão da vegetação nativa tem aumentado sobretudo para uso de pastagens e agricultura de commodities, como soja e o algodão.
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"A conversão dessas áreas provoca grandes alterações ecológicas e climáticas, o que consequentemente afeta a disponibilidade hídrica, podendo trazer impactos irreversíveis para as regiões que apresentam poucos remanescentes de Cerrado", ela afirma.