Exame Logo

Com cotação internacional do café em alta, preço ao consumidor no Brasil sobe acima da inflação

Seca no Vietnã, segundo maior produtor do mundo, tem feito as oscilações no preço do grão atingirem patamares não vistos em 17 anos. Commodity já subiu quase 40% neste ano

(Ricardo Mendoza Garbayo/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 11 de junho de 2024 às 09h32.

Última atualização em 11 de junho de 2024 às 09h34.

Os preços do café robusta (também conhecido como conilon) têm sofrido alta volatilidade, influenciados por preocupações com o fornecimento global do grão. Só este ano, os contratos futuros tiveram uma alta notável, atingindo níveis de oscilação não vistos desde 2008.

O principal fator da valorização da commodity está ligado a dificuldades na produção cafeicultora do Vietnã, o segundo maior produtor do mundo, atrás do Brasil. Uma seca severa assola o país asiático. No Brasil, o preço ao consumidor do café no varejo brasileiro já sobe mais que a inflação.

Veja também

Os futuros das negociações do café atingiram um novo recorde na semana passada. Na última sessão, o café robusta subiu 0,12%, para US$ 4.241 por tonelada, na cotação em Londres. Há dois meses, mil quilos do grão eram cotados a US$ 3.777. No último dia de negociações em 2023, no dia 29 de dezembro, a tonelada custava US$ 3.046. No ano, a commodity valoriza 39%.

Com preocupações sobre o nível de oferta do produto por causa da situação no Vietnã, os gestores de fundos aumentaram suas apostas no robusta para o nível mais alto em cinco semanas. Nos últimos sessenta dias, a commodity atingiu uma volatilidade no preço de mais de 40%, segundo a Bloomberg.

De acordo com Daria Efanova, chefe de pesquisa da consultoria Sucden Financial, enquanto a perspectiva de curto prazo deve permanecer instável, a previsão de longo prazo continua moderadamente otimista. "O clima é o fator predominante em nossa análise de safra", disse, em relatório.

O café arábica também viu um aumento na variação devido a preocupações com o fornecimento relacionadas ao clima, juntamente com a crescente demanda especulativa devido à crise no mercado de cacau, acrescentou Efanova. O cacau tem sofrido com uma colheita menor na África Ocidental, principal região produtora do fruto.

Nos EUA, a JM Smucker, que fabrica bebidas, já anunciou que vai aumentar o preço dos produtos das marcas Folgers, Bustelo e Dunkin’. A empresa, que é a maior fabricante de café para consumo doméstico no varejo americana, aumentará os preços de parte de seus produtos de café.

Colheita maior no Brasil

Apesar do receio, o Brasil, maior produtor do grão no mundo, deve registrar alta de 6,8% na colheita de café em 2024, segundo a Conab. No grão robusta, esta safra deve ser a segunda maior da série histórica.

Mas, segundo o IBGE, em abril, o preço do café moído no varejo subiu 3,08%, contra uma alta média geral nos preços de 0,38%. No ano, o produto já acumula alta de 5,17%, contra 1,8% do índice geral.

Os Estados Unidos e a Alemanha são os países que mais compram café do Brasil. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, nos quatro primeiros meses de 2024, os dois destinos participaram em 17,5% e 14,4%, respectivamente, no total de exportações do grão. Foram mais de 199 milhões de toneladas com destino aos EUA só neste ano.

Em 2023, a quantidade exportada alcançou 323 milhões de toneladas para os americanos, principal destino do café brasileiro. Foram, ao todo, 2,1 bi de toneladas exportadas no ano passado para todo o mundo.

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioExame-Agro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de EXAME Agro

Mais na Exame