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Brasil espera elevar vendas de carne suína para Rússia no início de 2022

Dados indicam que os brasileiros exportaram 259,41 mil toneladas de carne de porco para a Rússia em 2017. Entre janeiro e outubro de 2021, no entanto, esse volume despencou para 3.827 toneladas

Porcos; carne suína (Ryan Woo/Reuters)

Porcos; carne suína (Ryan Woo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 12h51.

A indústria de carne suína do Brasil se prepara para elevar as exportações da proteína para a Rússia já nos primeiros meses de 2022, apesar da limitação de acesso ao país durante o inverno russo devido ao congelamento das águas em diversos portos.

A opção dos exportadores, que recentemente receberam uma rodada de reabilitações de unidades frigoríficas pela Rússia, seria entrar pelo porto de São Petersburgo, disse a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

"Tenho certeza que vai aumentar o volume embarcado em janeiro e fevereiro... porque São Petersburgo não congela", afirmou o presidente da associação, Ricardo Santin.

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Um executivo de uma das principais exportadores de carnes do país disse à Reuters na condição de anonimato que o movimento tende a começar no primeiro trimestre, mas o impacto positivo, de fato, é previsto para beneficiar a indústria no primeiro semestre do ano que vem.

Santin lembrou que o mercado russo já foi o principal comprador da proteína suína do Brasil no passado, depois reduziu drasticamente as importações por uma estratégia de aposta na produção local e agora retoma um estreitamento na parceria.

"A Rússia conseguiu ter autossuficiência neste setor por um período, mas agora tem vários fatores que a levam a buscar o mercado externo. A peste suína africana (PSA), aumento de custo de produção, e também aumento de consumo local", disse Santin.

Dados da associação indicam que os brasileiros exportaram 259,41 mil toneladas de carne de porco aos russos em 2017. Entre janeiro e outubro de 2021, no entanto, esse volume despencou para 3.827 toneladas.

COTAS

O Ministério da Agricultura informou à Reuters em nota que até 2020 havia uma cota da Rússia de 430 mil toneladas para importação de carne suína de qualquer país do mundo com tarifa zero. Em 2020, a cota foi extinta e os russos estabeleceram uma tarifa única de 25%.

Mas na semana passada, disse a pasta, o governo russo anunciou uma nova cota de 100 mil toneladas, sem tarifa, com validade entre 1º de janeiro e 30 de junho do próximo ano.

"A tendência é que agora aumente novamente a exportação", disse o presidente da ABPA, citando que a cota não é exclusiva para o Brasil, porém o país pode ser um dos principais beneficiários.

Pelas estimativas da associação, considerando o atual preço médio de importações para o mercado russo, a cota disponibilizada tem potencial de geração de exportações de mais 200 milhões de dólares.

O consultor de Agronegócios do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves, destacou que também não está descartada a possibilidade de o Brasil embarcar produtos além da cota, a depender da avidez de compras dos russos.

"Podemos ir além da cota, parece importante que eles estejam querendo parceiros para importar carne suína, isso é um sinal claro", disse o especialista.

Santin afirmou ainda que a Rússia compra produtos suínos similares aos que são vendidos para a China, então a reaproximação com este player é uma boa alternativa para a indústria nacional.

Para Alves, um outro efeito secundário é que o Brasil pode ocupar um espaço maior no mercado do Vietnã, que vinha sendo atendido pela proteína suína da Rússia e agora está com uma lacuna devido à PSA entre os russos.

BOVINO

O cenário para o setor de carne bovina, que teve em novembro três unidades reabilitadas pela Rússia --enquanto a indústria de carne de porco recebeu nove habilitações--, pode não ser tão promissor quanto o de suínos.

"Para carne bovina eu sou um pouco mais cético, por conta da política que foi adotada na Rússia nos últimos anos, que desestimulou o consumo, então o potencial é menor para compras do que na carne de porco", disse o consultor do Itaú BBA.

O presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Paulo Mustefaga, disse que a reaproximação com a Rússia se tornou ainda mais importante, visto que a China está temporariamente fora dos negócios com a indústria brasileira.

No entanto, ele ressaltou que faltou certa clareza no processo de reabilitação, visto que não se sabe qual critério foi utilizado para as unidades aprovadas.

"Muitas plantas estão à espera, aguardando a retomada de negociações do governo brasileiro com a Rússia para que plantas suspensas sejam habilitadas e novas habilitações sejam feitas... gostaríamos de ver esse processo sendo retomado para todos."

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