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Plataforma Pecuária Transparente: com o blockchain, JBS espera dar aos seus fornecedores visibilidade da conformidade socioambiental de sua cadeia de fornecimento (JBS/Divulgação)
Em uma conferência, recentemente, o chinês QU Dongyu, diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), disse que novas tecnologias digitais, como imagens de satélite, sensores remotos, aplicativos móveis e blockchain, prometem mudanças revolucionárias para agricultores e consumidores.
Embora o blockchain não seja exatamente uma tecnologia nova, seu uso vem se popularizando. Na agropecuária, ainda há poucas iniciativas no Brasil e no mundo, segundo Alexandre de Castro, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária. Mas é algo que vem ganhando espaço.
A própria Embrapa acaba de concluir o desenvolvimento de seu próprio sistema de blockchain. Em um projeto-piloto, será implementado até o fim do ano em uma usina de álcool do interior de São Paulo. Como explica Castro, inicialmente o novo sistema será utilizado para gerar informações de dois produtos: açúcar demerara e açúcar mascavo.
Em uma primeira fase, as informações estarão disponíveis por meio de um QR Code para o atacado e distribuidores. Em um segundo momento, para varejistas e consumidores finais.
Castro explica que as blockchains são blocos de informações encadeados. Dessa forma, o primeiro bloco recebe uma assinatura digital e esta assinatura digital é incluída em um segundo bloco de informações para gerar uma nova assinatura digital, e assim sucessivamente.
“Uma vez que esse processo pode garantir a integridade das informações, a implementação desse tipo de tecnologia no setor agrícola traz diversas vantagens competitivas”, afirma.
Entre elas está “o apoio à rastreabilidade do campo ao consumidor final e à criação de trilhas de auditabilidade para obtenção de certificações de origem, o que impacta positivamente na agregação de valor dos produtos agroindustrializados”, explica o Castro.
Algumas empresas do agronegócio já anunciaram o uso de blockchain em suas cadeias de produção. É o caso da brasileira JBS, a segunda maior companhia de alimentos do mundo e a maior de proteína animal.
Em abril deste ano, a empresa informou que iniciou o cadastro de produtores na Plataforma Pecuária Transparente, uma ferramenta que, com tecnologia blockchain, vai permitir estender aos fornecedores dos fornecedores de gado para a indústria o monitoramento socioambiental com segurança dos dados.
Dessa forma, o produtor de bovinos que negocia animais diretamente com a JBS vai informar a lista de seus fornecedores de animais na plataforma. Os dados, por sua vez, seguem eletronicamente para validação da Agri Trace Rastreabilidade Animal, um sistema da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
O resultado dessas análises vai diretamente ao fornecedor da JBS, que assim terá visibilidade da conformidade socioambiental de toda sua cadeia de fornecimento.
Com isso, a companhia diz que poderá desenvolver planos para mitigar riscos e implementar ações para ajudar os produtores a regularizar as situações quando necessário.
A meta é que todos os fornecedores de bovinos da JBS tenham aderido ao programa até o fim de 2025.