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Agricultores protestam com tratores no centro de Madri e pressionam governo por mudanças no setor

Manifestações, que se espalharam pela Europa, ocorrem no país há mais de uma semana; ministro da Agricultura anunciou medidas para tentar encerrar insatisfação dos sindicatos

'Sem o campo, sua mesa fica vazia', diz cartaz em protesto de agricultores na Espanha (Oscar Del Pozo/Getty Images)

'Sem o campo, sua mesa fica vazia', diz cartaz em protesto de agricultores na Espanha (Oscar Del Pozo/Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 18h36.

Agricultores e pecuaristas espanhóis protestaram com seus tratores nesta quinta-feira, 15, em frente ao Ministério da Agricultura, no centro de Madri, antes de uma reunião com o ministro Luis Planas, que, por sua vez, anunciou uma série de medidas para tentar encerrar a insatisfação do setor.

Assim como agricultores em outros países europeus, os espanhóis reclamam da burocracia e complexidade das normas europeias, dos baixos preços aos quais vendem seus produtos e da concorrência, que consideram desleal, dos artigos estrangeiros.

Com os tratores parados e cartazes onde se lia "O campo em pé de guerra" ou "Planas, a ruína do campo", os manifestantes se concentraram por várias horas às portas do prédio localizado em frente à estação de Atocha.

Após o encontro, que durou quase duas horas, o ministro anunciou um pacote de medidas que, em sua opinião, responde "aos três elementos básicos levantados pelo setor", que há mais de uma semana vem protestando com bloqueios de estradas em vários pontos do país.

Nesse sentido, o ministro se comprometeu a impulsionar a "simplificação" da aplicação da Política Agrícola Comum (PAC) europeia, o que proporá em 26 de fevereiro em um conselho de ministros da Agricultura da União Europeia.

Planas também anunciou a criação de uma agência estatal de controle de alimentos, que garantirá a conformidade com a lei da cadeia alimentar, cujo objetivo é evitar o colapso dos preços pelos quais os agricultores têm de vender. E prometeu impulsionar na UE e na Organização Mundial do Comércio as "cláusulas espelho", para garantir que os produtos que entram na Europa de países terceiros não usem elementos fitossanitários que os agricultores do bloco não possam usar, e assim evitar a concorrência desleal.

Os sindicatos qualificaram a reunião como positiva, mas descartaram por enquanto um acordo definitivo e anunciaram que continuarão com seus protestos.

— Vimos avanços importantes, mas as mobilizações continuam — afirmou o presidente da Associação Agrária de Jovens Produtores (Asaja), Pedro Barato.

Os sindicatos agrícolas têm previstas várias manifestações por toda a Espanha, incluindo duas em Madri, nos dias 21 e 26 de fevereiro.

A Espanha, frequentemente descrita como a "horta da Europa", é a maior exportadora da Europa de frutas e hortaliças, mas seu setor agrícola enfrenta dificuldades, principalmente devido à seca que assola o país há três anos.

A poucos meses das eleições para o Parlamento Europeu, que ocorrerão em junho, a ira agrária, vivenciada também na França, Alemanha, Polônia, Romênia, Bélgica, Portugal e Itália, aumenta a pressão sobre as políticas do atual mandato. Um exemplo disso é o Pacto Verde, que inclui medidas de transição ecológica na agricultura.

Na França, os agricultores exigem preços mais justos para os produtos, a continuação dos subsídios para o diesel agrícola (usado em tratores e outros veículos) e ajuda financeira para agricultores orgânicos, denunciando, entre outros pontos, o acordo negociado entre a União Europeia e os países do Mercosul. Segundo o jornal francês Le Monde, o primeiro-ministro Gabriel Attal apresentou as medidas por volta do meio-dia desta quinta e reafirmou sua posição contrária ao bloco.

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