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Diante de ameaça de recessão, G20 busca receita para sair da crise

Ao contrário de 2009, os planos de estímulo à economia não aparecem como soluções, mas sim a entrada de novos atores no cenário internacional: os países emergentes.

Para Bergsten, a receita para restaurar o crescimento é simples. G20 deve atuar como fez em suas primeiras cúpulas, encorajando o gasto público para estimular o crescimento (Saul Loeb/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de novembro de 2011 às 20h12.

Madri - A possibilidade de uma recessão na economia mundial, como a ocorrida há três anos atrás, será o pano de fundo da cúpula do G20 , que será realizada nos próximos dias 3 e 4 em Cannes, na França.

Porém, ao contrário de 2009, desta vez os planos de estímulo à economia não aparecem como soluções para o problema, mas sim a entrada de novos atores no cenário internacional: os países emergentes.

O G20 é um grupo formado por líderes de 19 países mais a União Europeia, do qual as nações mais ricas do mundo, o Brasil e outros países emergentes fazem parte. Desde 2008, é considerado o principal fórum de discussão sobre a economia mundial.

Três anos se passaram desde que a quebra do Lehman Brothers gerou uma crise financeira sem precedentes nas principais economias do mundo. A situação atual, no entanto, não é muito melhor do que na ocasião.

Em 2009, o G20 arquitetou o lançamento de planos de estímulo para combater a crise, com o objetivo de revitalizar o consumo e aquecer a economia.

Passado a euforia inicial, as grandes potência se encontram atualmente estranguladas pelo déficit e a dívida e mergulhadas no desemprego e na ociosidade do consumo. Para muitos analistas, a combinação perfeita para uma contração econômica.

Além disso, hoje em dia existem dois fatores adicionais que não haviam na época: o problema da dívida soberana europeia, que provocou a pior crise da história do euro, e a desconfiança dos mercados, o que gera por sua vez uma grande volatilidade.


O plano aprovado há poucos dias pelos líderes da UE para salvar a moeda melhorou um pouco o pessimismo dos observadores, mas o risco de uma recaída segue latente.

Há uma semana, um dos economistas de maior prestígio dos EUA, C.Fred Bergsten, assessor de vários presidentes e diretor do Intituto Peterson para a Economia Internacional, dirigiu-se ao Congresso em Washington para alertar das ameaças que estão amadurecendo.

'O mundo enfrenta obviamente grandes riscos. Um deles é a entrada em recessão das três grandes economias do planeta, EUA, Japão e Europa'. A solução, afirmou ele, 'está novamente nas mãos do G20'.

Para o economista, a receita para restaurar o crescimento é simples. O G20 deve atuar em Cannes como fez em suas primeiras cúpulas, encorajando o gasto público para estimular o crescimento, especialmente nos países emergentes como Brasil, China e Índia, que estão crescendo acima do 6% e não têm problemas de disciplina fiscal.

'Chegou o momento para os países emergentes atuarem como grupo para prevenir outra Grande Recessão', disse Bergsten ao Congresso dos EUA, advertindo que a liderança econômica mundial está a ponto de passar para países como China e Brasil.

A ideia resumida por Bergsten no Congresso é compartilhada amplamente pelos líderes do G20, que reconhecem a necessidade de apoiar-se nas nações emergentes para conseguir um maior equilíbrio no crescimento mundial.

Apenas algumas horas depois que os líderes europeus salvassem o euro do colapso, na quinta-feira passada, o ministro das Finanças da França - país que preside o G20 este ano -, François Fillon, reconheceu que agora é preciso se concentrar em outra prioridade: que o mundo desenvolvido não entre em recessão.


Em entrevista radiofônica, afirmou que o G20 deverá continuar apoiando as economias emergentes a seguir com seus ajustes.

'O G20 precisa tomar medidas detalhadas e precisas para aqueles países que estão ainda consolidando seus orçamentos e necessitam manter o esforço, e também medidas concretas para os países que podem sustentar a atividade econômica mundial', frisou.

De fato, horas depois que os líderes europeus aprovaram reforçar com um trilhão de euros o fundo de resgate europeu, seu presidente, o alemão Klaus Regling, viajou à China em busca de um apoio econômico que, por enquanto, não se concretizou.

A pujança com a qual chegarão os países emergentes a Cannes - entre eles Brasil, México e Argentina - não os poupará de críticas.

Está previsto que a cúpula do G20 faça uma nova chamada para que estas economias não manipulem a cotação de suas moedas para estimular as exportações - assunto que foi objeto de uma dura batalha na cúpula anterior, em Seul no ano passado.

Dessa forma, o G20 encorajará estes países a estimular o consumo e a riqueza interior, para depender cada vez menos das exportações, que exercem uma dura concorrência às nações desenvolvidas.

É uma via a mais para conseguir que as economias mais ricas, hoje afogadas, possam se salvar do perigo da recessão e retomar o crescimento. EFE

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Madri - A possibilidade de uma recessão na economia mundial, como a ocorrida há três anos atrás, será o pano de fundo da cúpula do G20 , que será realizada nos próximos dias 3 e 4 em Cannes, na França.

Porém, ao contrário de 2009, desta vez os planos de estímulo à economia não aparecem como soluções para o problema, mas sim a entrada de novos atores no cenário internacional: os países emergentes.

O G20 é um grupo formado por líderes de 19 países mais a União Europeia, do qual as nações mais ricas do mundo, o Brasil e outros países emergentes fazem parte. Desde 2008, é considerado o principal fórum de discussão sobre a economia mundial.

Três anos se passaram desde que a quebra do Lehman Brothers gerou uma crise financeira sem precedentes nas principais economias do mundo. A situação atual, no entanto, não é muito melhor do que na ocasião.

Em 2009, o G20 arquitetou o lançamento de planos de estímulo para combater a crise, com o objetivo de revitalizar o consumo e aquecer a economia.

Passado a euforia inicial, as grandes potência se encontram atualmente estranguladas pelo déficit e a dívida e mergulhadas no desemprego e na ociosidade do consumo. Para muitos analistas, a combinação perfeita para uma contração econômica.

Além disso, hoje em dia existem dois fatores adicionais que não haviam na época: o problema da dívida soberana europeia, que provocou a pior crise da história do euro, e a desconfiança dos mercados, o que gera por sua vez uma grande volatilidade.


O plano aprovado há poucos dias pelos líderes da UE para salvar a moeda melhorou um pouco o pessimismo dos observadores, mas o risco de uma recaída segue latente.

Há uma semana, um dos economistas de maior prestígio dos EUA, C.Fred Bergsten, assessor de vários presidentes e diretor do Intituto Peterson para a Economia Internacional, dirigiu-se ao Congresso em Washington para alertar das ameaças que estão amadurecendo.

'O mundo enfrenta obviamente grandes riscos. Um deles é a entrada em recessão das três grandes economias do planeta, EUA, Japão e Europa'. A solução, afirmou ele, 'está novamente nas mãos do G20'.

Para o economista, a receita para restaurar o crescimento é simples. O G20 deve atuar em Cannes como fez em suas primeiras cúpulas, encorajando o gasto público para estimular o crescimento, especialmente nos países emergentes como Brasil, China e Índia, que estão crescendo acima do 6% e não têm problemas de disciplina fiscal.

'Chegou o momento para os países emergentes atuarem como grupo para prevenir outra Grande Recessão', disse Bergsten ao Congresso dos EUA, advertindo que a liderança econômica mundial está a ponto de passar para países como China e Brasil.

A ideia resumida por Bergsten no Congresso é compartilhada amplamente pelos líderes do G20, que reconhecem a necessidade de apoiar-se nas nações emergentes para conseguir um maior equilíbrio no crescimento mundial.

Apenas algumas horas depois que os líderes europeus salvassem o euro do colapso, na quinta-feira passada, o ministro das Finanças da França - país que preside o G20 este ano -, François Fillon, reconheceu que agora é preciso se concentrar em outra prioridade: que o mundo desenvolvido não entre em recessão.


Em entrevista radiofônica, afirmou que o G20 deverá continuar apoiando as economias emergentes a seguir com seus ajustes.

'O G20 precisa tomar medidas detalhadas e precisas para aqueles países que estão ainda consolidando seus orçamentos e necessitam manter o esforço, e também medidas concretas para os países que podem sustentar a atividade econômica mundial', frisou.

De fato, horas depois que os líderes europeus aprovaram reforçar com um trilhão de euros o fundo de resgate europeu, seu presidente, o alemão Klaus Regling, viajou à China em busca de um apoio econômico que, por enquanto, não se concretizou.

A pujança com a qual chegarão os países emergentes a Cannes - entre eles Brasil, México e Argentina - não os poupará de críticas.

Está previsto que a cúpula do G20 faça uma nova chamada para que estas economias não manipulem a cotação de suas moedas para estimular as exportações - assunto que foi objeto de uma dura batalha na cúpula anterior, em Seul no ano passado.

Dessa forma, o G20 encorajará estes países a estimular o consumo e a riqueza interior, para depender cada vez menos das exportações, que exercem uma dura concorrência às nações desenvolvidas.

É uma via a mais para conseguir que as economias mais ricas, hoje afogadas, possam se salvar do perigo da recessão e retomar o crescimento. EFE

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