Manifestantes expressam apoio ao então presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que foi cassado na sexta-feira após um julgamento político de apenas 30 horas (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2012 às 14h11.
Assunção - O novo chanceler do Paraguai, José Fernández, descartou neste domingo que o Paraguai possa ser 'sancionado' por seus vizinhos pois 'não violou nenhuma norma internacional', e minimizou a decisão dos parceiros de Mercosul de retirar ou chamar para consultas seus embaixadores em Assunção.
Em entrevista coletiva à imprensa estrangeira, Fernández falou sobre a decisão anunciada ontem pelo governo da Argentina de retirar seu embaixador no Paraguai, Rafael Romá, 'até que se restabeleça a ordem democrática' no país.
O chanceler declarou que, além de não haver recebido nenhuma comunicação oficial a respeito, Romá terminou sua missão há três meses e já havia um encarregado de missão à frente da legação.
A respeito da chamada para consulta dos embaixadores de Brasil e Uruguai, ele afirmou que se trata de um mero procedimento, e em particular lembrou o apoio 'absoluto' que recebeu da população paraguaia de origem brasileira (os chamados 'brasiguaios').
Fernando Lugo foi cassado na sexta-feira após um julgamento político de apenas 30 horas no qual foi considerado culpado de 'mau desempenho' em suas funções por uma arrasadora maioria no Senado.
Uma missão de chanceleres da Unasul enviada a Assunção para mediar a crise não conseguiu desacelerar o julgamento de destituição, apesar de ter pedido aos parlamentares que respeitassem o 'devido processo' para que Lugo tivesse tempo de articular uma defesa.
Fernández, nomeado pelo novo presidente, Federico Franco, assegurou que seu ministério está em 'conversa permanente com chanceleres de vários países'.
Ele afirmou ter recebido o apoio do Canadá e, em particular, agradeceu o comunicado emitido pela Espanha, que ontem manifestou confiança de que o Paraguai 'conseguirá pôr fim à atual crise política' e 'garantir a convivência pacífica'.
'Estamos negociando com os países' vizinhos, que 'têm que entender que o Paraguai não pode ser sancionado porque não violou nenhuma norma internacional', insistiu o ministro.
Fernández disse que sua intenção até o momento continua a ser a de participar da cúpula do Mercosul, na próxima semana, na cidade argentina de Mendoza.
O chanceler também comentou sobre informações segundo as quais a Unasul convocou uma reunião para a próxima quarta-feira para debater a possível expulsão do Paraguai após a destituição de Fernando Lugo como presidente.
'Como a Unasul vai convocar uma reunião se o Paraguai tem a Presidência' temporária do bloco sul-americano, perguntou. EFE