Energia eólica (Flickr.com/xtyler)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2014 às 06h25.
Não é mais preciso ler algumas daquelas histórias de ficção apocalípticas em que povos lutam por água. A falta dela já é uma realidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 40% da população do planeta sofra com crises hídricas. E aqui no Brasil, não precisamos ir muito longe. Há décadas a região Nordeste enfrenta a miséria provocada pela seca e atualmente, até a capital do estado mais rico do país, reza por chuva em seus reservatórios vazios.
De olho neste cenário e inspirado pelos antigos moinhos de vento de seu país natal, o holandês Piet Oosterling criou uma solução inovadora: a turbina eólica que produz água potável. E lógico, também gera energia.
Olhando no horizonte, a turbina parece igual a tantas outras. A única diferença entre o modelo AW e outras tradicionais está nos tanques de água acoplados na haste. Para entender o funcionamento dela, o mais fácil é pensar no ar condicionado do carro. Quando ele está ligado e é um dia quente, muitas vezes há água condensada embaixo do aparelho. A tecnologia holandesa opera de forma similar.
Basicamente, o que a empresa Dutch Rainmaker desenvolveu é uma tecnologia que utiliza energia eólica para extrair água a partir do ar. A turbina aciona quatro compressores. Quando o ar é forçado através dos permutadores de calor e resfriado, a água contida no ar se condensa e as gotas que se formam são coletadas pelos tanques. Em seguida, a água é mineralizada e pode ser utilizada para consumo humano ou para agricultura. A turbina consegue produzir uma média de 7.500 litros de água diariamente, afirma Oosterling.
De acordo com a ONU, cada pessoa necessita de cerca de 110 litros de água por dia para atender necessidades de consumo e higiene. É bom lembrar que na África subsaariana o consumo per capita é de 10 a 20 litros por dia. No meio rural do semiárido nordestino este número cai para 6 litros.
O funcionamento da turbina eólica que produz água potável depende de condições climáticas apropriadas. Piet Oosterling explica qual seria o ambiente ideal. Os fatores mais importantes são vento e temperatura. A temperatura deve estar entre 15 e 45 graus Celsius e é necessária umidade mínima do ar de aproximadamente 20%.
Entre as principais vantagens do sistema, se comparado ao de dessalinização da água, por exemplo, são baixo custo operacional e emissão zero de carbono. Como é autossuficiente, o equipamento pode ser instalado em áreas remotas, já que não depende de água nem eletricidade para funcionar. Se houver vento, até em desertos o AW pode ser instalado.
O inventor acredita que as regiões que mais seriam beneficiadas com a turbina que produz água potável seriam Oriente Médio, África, Austrália, Índia, ilhas tropicais e subtropicais e alguns países do continente americano, entre eles, o Brasil.
Já há duas turbinas em funcionamento. Uma na cidade de Leeuwarden, na Holanda, e outra no Kuwait. A intenção da Agência de Proteção Ambiental daquele país é ter futuramente 50 máquinas para irrigar zonas de plantio.
A empresa produz ainda outro modelo de turbina eólica, a WW. Esta foi desenvolvida para ser instalada em regiões onde há água, mas poluída ou salgada (oceanos, lagoas, rios). Além da produção de energia, o equipamento também purifica a água do local.
Invenções sustentáveis, que podem ser utilizadas ao redor do mundo. Agora é só desejar bons ventos ao negócio holandês.
Confira abaixo o video que demonstra o funcionamento da turbina AW:
//www.youtube.com/embed/21oXHNrrdHE