Trump pode intensificar bloqueio a Huawei e ampliar liderança dos EUA em 5G e 6G, diz Eurasia Group
Na sua primeira administração, o republicano lançou a iniciativa Clean Network, que visava pressionar países aliados a excluir fornecedores chineses de suas redes de telecomunicações; temor é de que o cenário se reprise
Repórter
Publicado em 27 de setembro de 2024 às 17h46.
Última atualização em 30 de setembro de 2024 às 10h36.
A possível volta de Donald Trump à Casa Branca, em 2025, pode marcar uma retomada de esforços para manter os Estados Unidos à frente em tecnologias críticas, como as futuras redes 5G e 6G, afirma relatório da consultoria Eurasia Group. Trump tem o objetivo de barrar as ambições tecnológicas da China,impondo restrições a empresas chinesas como Huawei e ZTE.
Na sua primeira administração, o republicano lançou a iniciativa Clean Network, que visava pressionar países aliados a excluir fornecedores chineses de suas redes de telecomunicações. A política se manteve sob a administração Biden, embora em tom menos combativo. E mesmo com a entrada da Kamala Harris, os EUA devem seguir apoiando iniciativas para desenvolver redes alternativas como o Open RAN [/grifar] (redes de acesso por rádio abertas).
A reeleição de Trump, contudo, pode gerar fricções com aliados tradicionais dos EUA. Enquanto a gestão Biden priorizou o multilateralismo,o estilo unilateral de Trump poderia enfraquecer o engajamento com parceiros internacionais. Isso pode impactar a continuidade de grupos de cooperação como o Quad e o G7, que são vistos como essenciais na luta contra a expansão da Huawei. Para a Eurasia Group, o risco da saída de Trump de organizações multilaterais, como a ONU e a OCDE, poderia isolar ainda mais os EUA em questões globais de tecnologia.
Europa avança na eliminação gradual de equipamentos chineses
Países europeus também estão em movimento para restringir o uso de componentes da Huawei e ZTE em suas infraestruturas 5G. Recentemente, a Alemanha anunciou um cronograma para a retirada desses equipamentos até 2029, uma vitória para o setor de telecomunicações alemão, que não precisará realizar uma substituição completa e imediata dos componentes.
Ainda assim,a pressão da União Europeia deve acelerar o processo de exclusão de fornecedores chineses, embora muitos países, como Itália, Espanha e Polônia, ainda utilizem equipamentos da Huawei em suas redes.
Apesar disso, há países que permanecem resistentes às pressões americanas. Nações do Sul Global, incluindo Chile, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Cingapura, têm relutado em bloquear acordos com a Huawei, e enfrentam questões como encontrar um fornecedor abrangente e barato como o chinês.