Donald Trump ao lado de figuras influentes do setor de tecnologia: Elon Musk (X), Tim Cook (Apple), Sundar Pichai (Google) e Mark Zuckerberg (Meta) (Montagem EXAME/Getty Images)
Repórter
Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 14h01.
Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 14h09.
Enquanto o presidente eleito dos EUA se prepara para assumir o seu segundo mandato, a União Europeia avança com investigações e sanções que podem custar bilhões a gigantes da tecnologia como Apple, Google, Meta e X (anteriormente Twitter, de Elon Musk).
Com esse cenário pela frente, o presidente terá um desafio: conciliar sua retórica contra as big techs com sua crítica ferrenha às regulações europeias, que ele frequentemente acusa de prejudicar empresas americanas.
E as pressões já estão em jogo. Sob a liderança de Teresa Ribera, a nova chefe de concorrência da UE, o bloco está implementando leis como o Digital Services Act e o Digital Markets Act, que buscam regular práticas de empresas dominantes e proteger os direitos dos usuários.
Ribera enfatizou que essas medidas não têm como alvo específico as empresas americanas, embora muitas das investigações envolvam exatamente elas. "Não pensamos em termos nacionais ao abordar distorções de concorrência", afirmou Ribera em entrevista recente.
Trump, que já criticou publicamente o setor de tecnologia, mantém relações complexas com seus líderes. Elon Musk, por exemplo, tornou-se um aliado próximo, financiando parte de sua campanha e usando a plataforma X para amplificar mensagens políticas.
Mas o X enfrenta na UE multas de até 6% da receita global por falhas em lidar com conteúdo ilegal, o que poderia expor Musk a retaliações. O dilema é evidente: proteger um aliado ou evitar tensões diplomáticas com a Europa.
Com Tim Cook, da Apple, Trump tem uma relação mais pragmática. Durante seu primeiro mandato, Cook conseguiu aliviar tarifas e impostos para a empresa. Agora, a Apple enfrenta novas investigações na UE sobre práticas de mercado envolvendo a App Store e o sistema operacional iOS, com multas potenciais que podem ultrapassar €1,8 bilhão. Em um podcast recente, Trump afirmou que prometeu a Cook proteger a Apple de "abusos" da UE.
Já o relacionamento com Mark Zuckerberg, da Meta, evoluiu de ameaças de prisão para jantares frequentes no Mar-a-Lago. Apesar disso, a Meta enfrenta investigações pesadas na UE por seu modelo de negócios no Instagram e Facebook, bem como questões envolvendo a falta de proteção para menores que usam os serviços de Zuckerberg.
Google, por sua vez, talvez represente o maior desafio regulatório. Ribera herdou um caso de antitruste que pode levar à divisão da empresa, uma abordagem semelhante à defendida pelo Departamento de Justiça dos EUA. Durante a campanha, Trump sugeriu que uma separação não seria necessária, embora tenha criticado duramente a empresa no passado.
A UE também está de olho em empresas como Amazon e Microsoft. Jeff Bezos pode enfrentar novas investigações sobre como a Amazon favorece produtos próprios em sua plataforma, enquanto Satya Nadella, da Microsoft, celebra a parceria da empresa com a OpenAI, mas observa de perto as movimentações regulatórias.
Com Trump no comando, a dinâmica transatlântica pode se tornar ainda mais tensa. E, embora a UE tenha poder para impor multas e exigir mudanças, Trump tem cartas mais fortes: tarifas, financiamento da OTAN e acordos de defesa. À medida que as tensões crescem, o equilíbrio entre defender os interesses americanos e preservar relações com a Europa será um dos maiores testes do próximo governo Trump.