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Softwares que geram mensagens distorcem apoio a Trump no Twitter

Os tuítes produzidos pelos "bots" de Trump foram quase uniformemente positivos, contra apenas metade dos de Hillary

Twitter: "o fato de os bots produzirem conteúdo sistematicamente mais positivo em apoio a um candidato pode distorcer a percepção dos indivíduos expostos a ele", diz a pesquisa (Getty Images)

Twitter: "o fato de os bots produzirem conteúdo sistematicamente mais positivo em apoio a um candidato pode distorcer a percepção dos indivíduos expostos a ele", diz a pesquisa (Getty Images)

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AFP

Publicado em 7 de novembro de 2016 às 16h33.

Um número significativo de mensagens do Twitter em apoio a Donald Trump foram geradas a partir de um "bot" (software que simula ações humanas), distorcendo o apoio do candidato presidencial republicano na rede social - revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (7).

Realizada por cientistas de Computação da Universidade do Sul da Califórnia, a pesquisa descobriu que tanto Trump quanto a democrata Hillary Clinton tinham mensagens de apoio geradas por "bots", mas que o republicano tinha mais "bots" e produziu mais tuítes.

"Isso gera um fluxo de apoio que está em um desacordo assombroso com o tom geral negativo que caracteriza as campanhas para as eleições presidenciais de 2016", disseram os pesquisadores Alessandro Bessi e Emilio Ferrara na edição desta segunda-feira na revista on-line First.

"O fato de os bots produzirem conteúdo sistematicamente mais positivo em apoio a um candidato pode distorcer a percepção dos indivíduos expostos a ele, sugerindo que existe um apoio orgânico e de base para um determinado candidato, enquanto na realidade tudo é gerado artificialmente", explicaram.

Os pesquisadores analisaram 20 milhões de tuítes gerados entre 16 de setembro e 21 de outubro por cerca de 2,8 milhões de usuários e estimaram que mais de 400 mil contas "são provavelmente bots".

Os "bots" representaram cerca de 15% das contas e geraram 3,8 milhões de tuítes de quase 19% do total de conversas.

Os tuítes produzidos pelos "bots" de Trump foram quase uniformemente positivos, contra apenas metade dos de Hillary, cuja outra metade criticava o concorrente, de acordo com o estudo.

O uso de tuítes e mensagens gerados automaticamente pode distorcer os "assuntos do momento" do Twitter e dar a Trump e a seus apoiadores a capacidade de afirmar, por exemplo, que ele ganhou os debates presidenciais.

"Nossos resultados sugerem que a presença de 'bots' de mídias sociais pode, de fato, afetar negativamente a discussão política democrática, em vez de melhorá-la, o que, por sua vez, pode potencialmente alterar a opinião pública e pôr em risco a integridade da eleição presidencial", insistem os pesquisadores.

Um estudo similar divulgado no mês passado por pesquisadores da Universidade de Oxford, da Universidade de Washington e da Universidade Corvinus de Budapeste chegou a conclusões semelhantes, revelando que as contas pró-Trump produziram sete vezes mais mensagens do que as contas pró-Clinton.

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