Tecnologia

Prefeito quer mudar imagem de Jerusalém e incentivar startup

Nir Barkat precisa mudar a imagem da cidade de uma zona assolada por conflitos para um lugar em especialistas em computação e ciências queiram ficar


	Nir Barkat: “uma cidade que desenvolve uma plataforma para permitir e receber mais startups será uma cidade que mais cedo ou mais tarde será mais bem-sucedida”, disse (Lior Mizrahi/Getty Images)

Nir Barkat: “uma cidade que desenvolve uma plataforma para permitir e receber mais startups será uma cidade que mais cedo ou mais tarde será mais bem-sucedida”, disse (Lior Mizrahi/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2014 às 16h15.

Jerusalém - Faz mais de 2.000 anos que Jerusalém deixou uma marca com o uso de tecnologia.

Isso ocorreu quando o Rei Herodes usou os mais modernos métodos de construção da época para construir seu templo. Agora, o prefeito Nir Barkat busca colocar a antiga capital na luta global por talentos e investidores em alta tecnologia.

“As cidades que decolam mais rapidamente são aquelas que sabem como aproveitar uma ciência forte, uma arte forte e uma gestão forte”, disse Barkat, um ex-investidor em capital de risco de 54 anos de idade, em entrevista, em seu escritório.

“Uma cidade que desenvolve uma plataforma para permitir e receber mais startups será uma cidade que mais cedo ou mais tarde será mais bem-sucedida”.

É uma batalha árdua. Barkat precisa mudar a imagem de Jerusalém de uma zona assolada por conflitos para um lugar em que as pessoas que se formam no programa de ciências da computação da Universidade Hebraica e na Academia de Artes e Design – Bezalel queiram ficar.

Cerca de metade da população de mais de 800.000 pessoas vive na pobreza, principalmente os ultraortodoxos, que tendem a optar por deixar o mercado de trabalho em favor de estudos religiosos, e residentes árabes, diz o Instituto Jerusalém para Estudos de Israel.

A inovação e o empreendedorismo são valorizados em Israel, onde a tecnologia contribui com mais da metade das exportações industriais e as vendas no exterior respondem por cerca de um terço do produto interno bruto. O país é conhecido como a Nação Startup, título decorrente de um livro de 2009 com o mesmo título (“Start-up Nation”).


Recuperando o atraso

Barkat, que apoiou a empresa de segurança da informação Check Point Software Technologies Ltd., precisará de cada pedaço de sua experiência como investidor para recuperar o atraso em relação a Tel Aviv.

O polo comercial de Israel é a segunda melhor área para startups do mundo, atrás do Vale do Silício, segundo a Compass Inc., empresa com sede em São Francisco que coleta dados sobre empresas de tecnologia. A cidade é, também, base da Check Point e de quase metade de seus quase 3.000 funcionários.

A taxa de participação na força de trabalho de Tel Aviv foi de 65 por cento em 2011, contra 46 por cento em Jerusalém, segundo o Instituto Jerusalém. A média nacional foi de 57 por cento.

“O principal desafio de Jerusalém é a retenção de talentos”, disse Avner Warner, membro da equipe da Compass em Tel Aviv. “Para mudar esse jogo, Jerusalém precisa e está trabalhando para criar um ambiente atrativo para os jovens”.

Mudando de volta

Uma praça ao ar livre na antiga estação de trem, a reforma de um antigo hospital de leprosos transformado em um centro de mídia e design da Academia Bezalel e um complexo de entretenimento que está sendo erguido do lado de fora das muralhas da Cidade Antiga são parte do esforço de Barkat para conseguir exatamente isso.


“A atmosfera está começando a mudar”, disse Dan Kaufmann, professor de negócios e gestão da Universidade Ben Gurion, em Beersheva. “Pela primeira vez eu tenho assistentes de pesquisa que deixaram Jerusalém e foram para Tel Aviv e que agora estão pensando em voltar”.

Mudar esse sentimento significa uma diminuição da violência, de esfaqueamentos e tiroteios a atentados suicidas, em uma cidade onde por anos as escolas israelenses não podiam nem sequer realizar viagens de grupo. Forças palestinas de segurança melhor administradas na Cisjordânia e uma barreira construída por Israel colaboraram para uma queda nos ataques.

“As pessoas agora sentem Jerusalém como um lugar muito melhor para vir, estudar e aprender”, disse Barkat.

A meta do esforço de Barkat, chamado de JNext, é criar melhores empregos. A iniciativa, gerenciada conjuntamente pela municipalidade, pelo Ministério de Assuntos da Diáspora e de Jerusalém e pela Autoridade do Desenvolvimento de Jerusalém, oferece às startups impostos reduzidos, subsídios de relocação e até ajuda para pagamento de salários dos funcionários durante os primeiros quatro anos.

A construção de uma rede autoalimentada de investidores-anjos, capitalistas de riscos e startups -- o chamado ecossistema -- é fundamental, disse Kaufmann.

“Existe ímpeto, mas a questão é se a infraestrutura de apoio se desenvolverá na mesma velocidade”, disse ele.

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