(Foto/Reprodução)
"Nem tudo que se vê é o que parece" ou algo parecido com essa máxima deve ter se passado pela mente de vários dos membros da câmara de deputados da Holanda. Isso porque, na quarta-feira, 21, depois de realizarem algumas reuniões via Zoom com quem pensavam ser Leonid Volkov, parceiro de Alexei Navalny, líder da oposição russa e que está atualmente preso, os congressistas acreditaram que o encontro foi com alguém usando um deepfake.
A técnica lança mão da inteligência artificial (IA) para inserir rostos reais em cenas falsas com o objetivo de criar um vídeo com alguém dizendo algo que não disse. É um passo além das fake news.
Um dos políticos que vivenciou o caso, o deputado Ruben Brekelmans, foi ao Twitter relatar a preocupação sobre o incidente. “Por exemplo, os deputados podem ser desencorajados a falar com partidos da oposição estrangeiros. Não devemos ceder a isto. Precisamos garantir segurança de comunicação para todos”.
Esta não é a primeira vez que alguém se faz passar por Leonid Volkov. Também políticos da Letónia e da Ucrânia já relataram terem tido reuniões com uma versão fabricada do representante russo. Há ainda registo de que representantes políticos da Estónia, Lituânia e Reino Unido também já foram abordados para reuniões semelhantes.
Atualização: ao menos nesse caso, não se tratava de um deepfake. A pessoa que teria aparecido na chamada de vídeo com o suposto deepfake era Alexei Stolyarov, que usou maquiagem para se parecer com Volkov.
A pegadinha foi feita pela dupla russa Vovan e Lexus, apelido de Vladimir Kuznetsov e Alexei Stolyarov, respectivamente. Quem levantou a suspeita foi o jornal inglês The Guardian, que questionou a dupla, mas não conseguiu a confirmação.
Vovan e Lexus são conhecidos por terem aplicado trotes em pessoas como Boris Johnson, Justin Trudeau, Bernie Sanders e Elton John. A dupla apresentou como organizam o trote em um canal no YouTube.
Ainda assim, o caso curioso pega carona em algo nessa linha previsto na ficção. Na série Years and Years (2019), da HBO, as deepfakes têm relevância numa fictícia eleição na Inglaterra que engana eleitores e contribui na vitória de um governo fascista.