Tecnologia

Polícia culpa BlackBerry por vandalismo em Londres

A Inglaterra vive seu mais violento período de agitação nas ruas em 20 anos. E a polícia local diz que o BlackBerry é culpado

Durante três dias, Londres foi palco de graves episódios de violência entre jovens e a polícia (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Durante três dias, Londres foi palco de graves episódios de violência entre jovens e a polícia (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 9 de agosto de 2011 às 18h21.

São Paulo — Para a polícia britânica, cabe ao BlackBerry uma parte da culpa pela baderna que tomou conta das ruas de Londres nos últimos dias. O sistema de mensagens do smartphone da Research in Motion (RIM) teria sido o principal meio de comunicação usado para convocar os saques e depredações.

As acusações começaram na segunda-feira, quando Steve Kavanagh, vice-comissário da polícia de Londres, deu uma entrevista coletiva em que afirmou: “Mensagens realmente inflamatórias e imprecisas no Twitter são as culpadas pela desordem”, disse ele. “As redes sociais e outros meios foram usados para promover o crime”, acrescentou. 

Por “outros meios”, leia-se o BlackBerry Messenger (BBM), sistema de mensagens gratuitas incluído nos smartphones da RIM. De fato, os smartphones da RIM são populares entre os jovens do Reino Unido. Uma pesquisa recente apontou que 37% deles preferem o BlackBerry (entre os adultos, o preferido é o iPhone, escolhido por 32% deles). 

Esse número contraria a fama de ferramenta corporativa que o BlackBerry conquistou. Embora a pesquisa não explique o porque da preferência, é razoável supor que o sistema de mensagens seja um atrativo para os jovens ingleses. Segundo a polícia, o BBM permitiu que os agitadores se comunicassem com eficiência, privacidade e custo zero. Por isso, foi uma ferramenta importante para os vândalos.

Convite à baderna

O BBM tem uma função de broadcast, que permite enviar uma mesma mensagem para muitas pessoas. Essa função teria sido usada para divulgar os locais dos próximos ataques. Numa etapa posterior, as mensagens acabaram indo parar também no Twitter e no Facebook.


As declarações de Kavanagh foram reproduzidas pelos noticiários ingleses, o que gerou considerável gritaria. O político holandês Diederik Samsom chegou a tuitar: “Por que ninguém bloqueia o BlackBerry Messenger em Londres?” David Lammy, representante no parlamento britânico de Tottenham – o distrito de Londres mais atingido pelos distúrbios – também pediu que o sistema de mensagens fosse desativado.

Respondendo a uma pergunta dos jornalistas, o vice-comissário Kavanagh disse que pessoas que enviaram mensagens incitando a desordem poderiam ser presas. Na noite de sexta-feira, a própria RIM respondeu que colaboraria com a polícia nas investigações. A empresa pode informar à polícia quais usuários enviaram mensagens em determinados horários. Já o conteúdo dessas mensagens é criptografado. E não está claro se a RIM possui meios para decifrá-las ou não.

Ataque hacker

Mesmo assim, a declaração da empresa acabou atraindo um ataque do grupo hacker Team Poison (rival do mais conhecido LulzSec), que invadiu o site do blog oficial da RIM, o Inside BlackBerry. O grupo publicou, lá, uma declaração dizendo: “Vocês não vão ajudar a polícia britânica. Se fizerem isso, pessoas inocentes que estavam no lugar errado, na hora errada, e que possuem BlackBerry, serão acusadas sem motivo.”

Acompanhe tudo sobre:BlackBerryEmpresasEuropaIndústria eletroeletrônicaLondresMetrópoles globaisReino UnidoSmartphones

Mais de Tecnologia

Elon Musk confirma terceiro filho com funcionária da Neuralink Shivon Zilis

Na era do vício digital, a abstinência e a liberdade de 24 horas sem WhatsApp

Agora todos poderão ver o que você comenta em um story do Instagram; saiba como

Boeing Starliner tem retorno à Terra adiado pela segunda vez

Mais na Exame