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O que esperar dos smartphones em 2019?

5G, fim dos notches, câmeras inteligentes, telas dobráveis: saiba o que o mercado de smartphones reserva para o novo ano

Tendências para 2019: O que vem por aí no mercado de smartphones? (Tereza Hanoldova/Getty Images)
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Gustavo Gusmão

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 05h57.

Última atualização em 21 de dezembro de 2018 às 11h23.

São Paulo – Os celulares mudam em ciclos anuais e trazem novidades de design e funções que tentam mudar ou melhorar a forma como nos entretemos e trabalhamos. 2018 foi o ano das telas com o recorte, chamado de notch, em inglês, com a missão de aproveitar ao máximo a parte frontal. Foi o fim das bordas. Agora, nos aproximamos do fim do notch, o que mostra o quão veloz é a ascensão e a queda de tendências mobile . Para 2019, os aparelhos que devem ganhar recursos que deixam as câmeras mais inteligentes — e melhores —, telas ainda mais amplas e funções para desgrudar você dos aplicativos. Veja a seguir quais são as principais tendências para smartphones em 2019.

O começo do 5G

O mais novo chip da Qualcomm , chamado Snapdragon 855, vem com um modem 5G integrado. Historicamente, as fabricantes de hardware adotam o modelo mais novo da empresa em seus smartphones topo de linha.

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Apresentados na Mobile World Congress, o evento de dispositivos móveis mais importante da União Europeia, gadgets das linhas Samsung Galaxy S, Xperia XZ e LG G costumam trazer os melhores processadores do mercado — quase sempre os da Qualcomm. "Esperamos que as vendas de smartphones 5G cheguem a 65 milhões de unidades em 2020", disse, em nota, Roberta Cozza, diretora de pesquisa da consultoria Gartner.

Fora a Qualcomm, a MediaTek, que oferece chips para faixas de preços mais acessíveis, também tem a missão de levar a conexão 5G aos smartphones em 2019, além de recursos de inteligência artificial para câmeras.

Com isso, somado ao fato de que as operadoras de todo o mundo concentram esforços para tornar o serviço de 5G realidade, 2019 será o ano em que veremos os primeiros celulares com suporte a essa nova conexão chegando ao mercado global. Ainda assim, os serviços de internet compatíveis só devem chegar efetivamente ao Brasil em 2020.

O retorno da corrida dos megapixels

A corrida por mais megapixels nas câmeras dos celulares desacelerou nas últimas gerações, ao menos entre os topos de linha. No Galaxy S9, a Samsung manteve os mesmos 12 do modelo antecessor. O número foi abraçado também pela Asus no Zenfone 5 e pela Motorola no Z3 e no Z3 Play. Das grandes fabricantes, Sony e LG foram um pouco além — mas também não chegaram nos 20 no XZ2 e no G7 ThinQ. Mas, talvez puxadas pela Huawei, que equipou o P20 Pro com um sensor de 40 MP, a briga pixelizada deve voltar em 2019.

Sony e Samsung deram um passo nessa direção e anunciaram sensores de 48 megapixels no segundo semestre deste ano. A marca japonesa foi quem saiu na frente, revelando ao mundo o IMX586 em julho. Já a sul-coreana trouxe em dezembro, além de uma peça de resolução altíssima, uma segunda mais modesta, de 32 MP. É claro, os megapixels não são tudo em uma câmera — a abertura da lente e o software também contam muito. Mas o salto proporcionado por esses novos sensores pode trazer benefícios: os milhões de pixels a mais poderão ser agrupados nas fotos, gerando imagens de melhor definição e ajudando até na luz.

Com a entrada das duas companhias nessa corrida, a expectativa é de que o Galaxy S10 e o próximo Xperia topo de linha já venham com câmeras de 48 MP. Não há nada oficializado por parte de Samsung e Sony , no entanto. Das grandes fabricantes, apenas a Huawei e a Xiaomi oficializaram modelos com essa capacidade. A primeira usará a peça da marca japonesa no Nova 4 e no Honor View 20. Enquanto isso, a segunda apenas confirmou que vai lançar um smartphone com câmera de 48 MP, sem entrar em detalhes sobre nomes e fornecedores.

-(Lucas Agrela/Site Exame)

Mais lentes

O Huawei P20 Pro liderou o ranking de câmeras do DxOMark, que testa câmeras de celulares, durante o ano de 2018. Isso aconteceu, em parte, porque o aparelho foi o primeiro topo de linha de uma grande empresa a ter câmera tripla. Com isso, ele permite zoom sem perda de qualidade, ao usar lente com distância focal diferente do padrão, e também captura retratos com fundo desfocado e alto nível de detalhamento.

Como nada se cria e nada se perde, especialmente no mercado de tecnologia, como bem mostra o caso do Snapchat, que levou à criação do Instagram Stories, do WhatsApp Status, do YouTube Stories e do Netflix Stories, veremos mais celulares com três câmeras — ou mais. O Galaxy A7, lançado no final de 2018 pela Samsung, é o primeiro da marca a vir com três câmeras, uma delas captura fotos à la GoPro.

Há até quem exagere no número de câmeras. A LG, por exemplo, tem uma patente de um smartphone com 16 câmeras. Claro que tal produto não existe, ao menos por enquanto. Mas isso indica que o número de câmeras em 2019 só tende a aumentar.

Fim da linha para as franjas

O questionável entalhe no alto das telas — o notch — parece estar com os dias contados. Nesta última semana, a Lenovo seguiu os passos da também chinesa Oppo e abraçou o conceito de tela deslizável em seu novo smartphone, o Z5 Pro GT. A solução faz com que o corpo do celular se mova para revelar a câmera frontal sempre que ela for acionada — e é uma das alternativas que as fabricantes encontraram para ter telas "infinitas", que ocupam até 90% da frente do aparelho, sem precisar recorrer à franja no topo dos displays.

Os notches ganharam popularidade no mercado graças à Apple, que recorreu a essa "solução" de design no iPhone X, de 2017. De lá para cá, Asus, Motorola, LG e tantas outras empresas chinesas se inspiraram na rival e fizeram igual em alguns de seus aparelhos. Mas a moda — uma limitação tecnológica, na verdade, como já afirmou a Asus — é passageira.

Algumas das fabricantes, como Oppo e Xiaomi, começaram a testar um entalhe menor, em forma de gota, já no segundo semestre deste ano. A tela deslizável surgiu um pouco depois como uma outra alternativa, ainda que mais complexa. E, mais recentemente, Samsung (com o A8s ) e Huawei (com o Nova 4) indicaram vão fazer um "buraco" nas telas para não ter que adotar um notch. As franjas ainda estão presentes e não deverão sumir de uma hora para outra do mercado, é claro. Mas o reinado delas nos smartphones não deve durar muito mais.

-(Oppo/Divulgação)

Smartphones no segundo plano

O mercado de smartphones estagnou — e, dependendo da fonte dos dados, parece estar até encolhendo. Segundo a consultoria americana IDC, as vendas de celulares ao redor do mundo caíram 6% no terceiro trimestre deste ano. A visão da também americana Gartner é um pouco mais otimista, mas sua última análise apontou para um aumento de apenas 1,4% nos números globais no mesmo período. Só que isso não significa que as maiores do ramo estão com problemas. Como explicado em uma reportagem recente de EXAME, é mais provável que elas simplesmente apostem em outras fontes de receita para os próximos anos.

O caso mais claro é o da Apple, que tem passado por alguns meses difíceis graças à desaceleração nas vendas dos iPhones . A previsão para a nova geração não é das melhores. Mas nem por isso a receita da empresa vai cair. Com investimentos cada vez mais fortes nos serviços atrelados aos seus hardwares, a empresa deve passar por um período de marasmo no ano fiscal de 2019. Mas até 2020, deve re-acelerar e ver seu faturamento chegar à casa dos 284 bilhões de dólares na expectativa do banco Goldman Sachs.

Esse caminho da diversificação também é seguido pela Samsung, que já não é bem uma empresa totalmente dedicada a smartphones. A empresa sul-coreana anunciou neste ano que pretende investir 22 bilhões de dólares em setores estratégicos, como carros autônomos e inteligência artificial, só nos próximos três anos. E a chinesa Huawei não deve ficar para trás nessa corrida: a marca, que tem bastante força no ramo de semicondutores, também tem parcerias com Audi e Jaguar para o desenvolvimento de veículos conectados. Crise?

Leitores de digitais nas telas

A fabricante chinesa Vivo foi a primeira a apresentar ao mundo um smartphone com sensor de impressões digitais que ficava sob a tela. Desde então, a própria Vivo e outras fabricantes, como Xiaomi, Oppo e Huawei, levaram essa tecnologia a mais modelos de celulares.

A questão é que nenhum deles foi oficialmente lançado em mercados como o Brasil. Com isso, as empresas mais atuantes por aqui devem aplicar a tecnologia aos seus produtos.

O que puxa a tendência é o novo chip da Qualcomm, o Snapdragon 855, que oferece suporte justamente a leitores biométricos localizados na tela, o que ajuda fabricantes a implementar mais rapidamente esse método de autenticação nos smartphones. Além de tecnológico, ele ainda se alinha com a tendência de design das telas mais amplas, com foco no conteúdo, e não nas bordas.

-(YouTube/Samsung/Reprodução)

Celulares dobráveis

Infinity Flex Display. É assim que a Samsung chama a sua nova tecnologia de tela dobrável. Fechado, é smartphone. Aberto, é tablet. A ideia é oferecer versatilidade de uso aos dispositivos móveis.Será o fim da linha para os tablets? Apesar da queda nas vendas desses aparelhos nos últimos anos, a própria Samsung e a Apple persistem no mercado. Resta esperar para saber se as telas dobráveis vão vingar e por fim aos produtos similares ao iPad.

Uma empresa americana, a Royole, já tem um protótipo funcional de smartphone com tela dobrável. Chamado FlexPai, ele tem display de 7,3 polegadas e características técnicas de um aparelho topo de linha. Apesar dos relatos de essa versão preliminar não ser lá essas coisas, ele indica uma tendência, puxada também pela empresas que mais vende smartphones no mundo: a Samsung.

Inteligência artificial para todos

As câmeras dos smartphones não evoluíram tanto no número de megapixels. Mas nem por isso deixaram de melhorar. Muito disso se deve à inclusão de soluções de inteligência artificial na hora de fotografar. Tanto o Samsung Galaxy S9 e o LG G7 quanto o Moto Z3 Play o Asus Zenfone 5, para ficar em quatro exemplos, contam com câmeras mais inteligentes, que identificam as cenas e ajustam iluminação e balanço de cores para gerar fotos melhores. E esses recursos devem ficar cada vez mais comuns nos celulares.

Os modelos da Asus e da Motorola são dois bons exemplos de que as soluções de IA já estão mais populares. Os dois ocupam uma faixa de preço abaixo dos 2 mil reais e usam um processador Snapdragon 636 da Qualcomm, chip intermediário que tem como diferencial a plataforma de inteligência artificial integrada. Mas a popularização só começou.

Outra empresa do ramo de processadores, a taiwanesa Mediatek tem como objetivo carregar essas funcionalidades para as câmeras de smartphones ainda mais em conta. "Nossa ideia é levar IA para todo lugar", disse, neste ano, Samir Vani, country manager da empresa no Brasil. Outro executivo da empresa, Russ Mestechkin, detalhou um pouco mais desse plano em entrevista a EXAME. A ideia da empresa é expandir o leque de recursos de "embelezamento" de fotos dos smartphones e tornar seus chips cada vez mais capazes de reconhecer elementos em imagens — levando isso, claro, para mais celulares intermediários e, quem sabe um dia, até de entrada.

Recursos para se desconectar

A empresa de pesquisas eMarketer prevê que os consumidores tentarão, ao menos, tirar um pouco os olhos das telas no ano que vem. Eles não serão exatamente bem-sucedidos na tarefa — a maioria vai falhar, diz a pesquisa —, mas ao menos soluções não vão faltar.

Tanto Apple quanto Google anunciaram em 2018 soluções para ajudar os usuários a se desconectar no iOS e no Android. O Screen Time e o Digital Wellbeign limitam o uso de apps por um período que o próprio usuário define e bloqueiam o acesso quando o limite é atingido. Não são as soluções definitivas para quem quer sair um pouco do Instagram, mas ao menos colaboram para reduzir o tempo gasto em uma rede social, por exemplo — uma outra tendência que já vem desde o ano passado e que deve ficar ainda mais forte em 2019.

-(Gustavo Marcozzi/Site Exame)

A ascensão do Android One

O Motorola One foi o primeiro smartphone a chegar ao Brasil participando do programa Android One. Criado pelo Google, ele consiste em uma parceria de desenvolvimento de produtos junto a fabricantes de dispositivos móveis para que os integrantes dessa linha tenham prioridade no recebimento de novas versões do sistema Android.

Diferentemente do que acontece com a Apple, que controla hardware e software e pode dar novas versões do iOS a todos os iPhones e iPads que quiser do dia para a noite, no Android a história é bem mais complicada. Por trabalharem no modelo de negócio chamado OEM (Fabricação de Equipamento Original, na sigla em inglês), as fabricantes de aparelhos que adotam o sistema Android precisam adaptar o software, versão por versão e aparelho por aparelho para que novas atualizações sejam efetivamente enviadas a elas. Esse processo é chamado internamente de homologação. Operadoras podem também fazer isso com smartphones vendidos por elas em suas lojas, o que pode causar ainda mais lentidão.

No Android One, o compromisso das empresas não é exatamente agilidade na oferta de atualizações, mas a promessa clara de que um determinado produto receberá um ou mais updates de software. Com essa informação em mãos, o consumidor tem maior previsibilidade de duração do produto–o que deve reduzir a recorrente reclamação em fóruns na internet sobre obsolescência programada.

O que pode ser mais frustrante para o consumidor é comprar um dispositivo novo e ver que ele nunca recebe atualizações do Android porque, em muitos casos, não vale a pena para as fabricantes todo o trabalho necessário para que isso aconteça. O Android One surgiu justamente como uma solução para essa questão. A Samsung já lançou o seu primeiro aparelho dentro desse programa. Em 2019, ele está previsto para continuar, ou seja, mais celulares com promessa de atualização vêm aí.

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