Televisão antiga: estudo aponta que o Brasil está entre os países que mais crescem em consumo de vídeos online, com taxas maiores que Reino Unido e EUA (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2013 às 13h45.
São Paulo - O fenômeno dos cord cutters nos Estados Unidos - de consumidores que cancelam seus serviços de TV por assinatura e passam a contar com a oferta de conteúdos através de serviços digitais não lineares, como Netflix e iTunes - já evoluiu para o dos cord nevers. Trata-se de uma nova geração de consumidores que começa a morar fora da casa dos pais e opta por não assinar o serviço de TV paga e nem pretende contratá-lo no futuro.
No Brasil este fenômeno já foi observado. “O gap está cada vez menor em relação aos Estados Unidos. Não é mais verdade que o que acontece na TV por assinatura de lá vai ter reflexos aqui apenas cinco anos depois”, diz Carolina Teixeira, consultora de telecomunicações da Frost & Sulivan. Segundo ela, o cord never brasileiro pode ser não apenas de uma nova geração, mas de um classe social que ainda não tem o serviço de TV por assinatura em casa. “O preço alto dos pacotes mais avançados, com uma boa oferta de canais em HD, pode ser um acelerador dessa tendência”, explica.
A Frost & Sulivan ouviu o setor de TV por assinatura para o estudo Perspectivas para o mercado de TV Paga Não-linear no Brasil. Segundo Carolina, a empresa prepara agora uma segunda rodada para aprofundar o estudo, ouvindo o usuário final. A ideia é levantar qual é o ritmo da tendência no País. “Ninguém sabe qual é o tamanho real do mercado de OTT no Brasil. As operadoras trabalham com a complementaridade dos dois serviços. Queremos checar que se essa complementaridade se manterá”, explica a consultora da Frost & Sulivan.
Novas receitas
O estudo aponta que o Brasil está entre os países que mais crescem em consumo de vídeos online, com taxas maiores que Reino Unido e EUA. A expectativa da Frost & Sullivan é que, em 2017, 35% das receitas de TV paga no Brasil venham de serviços não-lineares. A exemplo de provedores como a Globosat, criando suas próprias soluções como o Muu e Telecine Play, as operadoras de TV também já lançaram seus OTTs, como o Vivo Play, ClaroVideo, SkyOnline entre outros. Isso mostra a força que este segmento vem ganhando no mercado.
A penetração da banda larga, que vem crescendo expressivamente no País, deve ser um dos motores dos serviços não-lineares. Segundo o estudo FTTH in Latin America da Frost & Sulivan, o Brasil vai chegar a 1,3 milhão de usuários de fibra até 2017 e 22.6 milhões de acessos 4G. Também deve colaborar a evolução dos equipamentos conectados como smart TVs e caixas como AppleTV e Roku. Tablets e Smartphones também são dispositivos cada vez mais utilizados para o consumo de conteúdo online, e a expectativa é que o crescimento de tablets no Brasil entre 2012 e 2014 seja de 80%, segundo estimativas da Frost & Sullivan.
Hoje, aponta Carolina Teixeira, o assinante médio do Netflix, o maior serviço OTT em operação no País, também assina TV paga. O que mostra que a complementaridade dos serviços, hoje, ainda é uma realidade. Além disso, para a analista a participação das empresas de TV no mercado OTT só não é maior por uma decisão estratégica delas. “O setor ainda não sabe quais são as margens desse serviço. Hoje estão se financiando para atuar de forma mais competitiva no futuro”, diz.