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Office para iPad marca mudança na estratégia da Microsoft

Com o Office para iPad, o CEO Satya Nadella assinala uma mudança estratégica na Microsoft, mas pode ser tarde demais para salvar o Office da decadência


	Office num smartphone Lumia, da Nokia: aplicativo deverá ganhar versão também para o tablet da Apple
 (Paul Thomas/Bloomberg)

Office num smartphone Lumia, da Nokia: aplicativo deverá ganhar versão também para o tablet da Apple (Paul Thomas/Bloomberg)

Maurício Grego

Maurício Grego

Publicado em 27 de março de 2014 às 17h05.

São Paulo -- A Microsoft deve anunciar, nesta tarde, uma versão do pacote de aplicativos Office para o iPadO CEO Satya Nadella convocou a imprensa americana para um evento em São Francisco, na Califórnia. O evento começa às 2 da tarde (no horário de Brasília).

O convite da empresa só diz que o assunto tem relação com computação em nuvem e mobilidade. Mas fontes não oficiais afirmam que o tema será o Office para iPad. 

Esse vai ser o primeiro evento público de Satya Nadella desde que ele se tornou CEO da Microsoft, substituindo Steve Ballmer. 

Com esse lançamento, Nadella deve marcar uma nova estratégia da Microsoft, menos centrada no Windows e mais voltada para a oferta de produtos e serviços para múltiplas plataformas.

É uma transição perigosa para empresa, mas aparentemente inevitável. É perigosa porque, até hoje, o Windows tem sido uma das principais fontes de lucro para a Microsoft.

O último relatório da empresa que especifica vendas por divisão refere-se ao trimestre encerrado em setembro de 2013. Nele, a divisão Windows teve vendas de 19,2 bilhões de dólares. Já a divisão responsável pelo Office somou 24,7 bilhões de dólares. 


Oferecer o Office para iOS e Android pode reduzir a necessidade que muitas pessoas têm de possuir um PC com Windows. Ou seja, pode enfraquecer o Windows no mercado num momento em que esse sistema já sofre com a concorrência nos tablets e smartphones.

Mas levar o Office aos tablets dos rivais parece ser, também, a única chance de salvar esse pacote de aplicativos da decadência. Os PCs vêm perdendo espaço para os tablets continuamente. 

Em 2013, as vendas de PCs caíram cerca de 10% segundo estimativas das empresas Gartner e IDC. E, embora esteja em crescimento, a participação da Microsoft no mercado de tablets é, ainda, inferior a 5%. 

Então, resta vender os aplicativos para as plataformas da Apple e do Google. O problema é que a iniciativa da Microsoft parece ser tardia e insuficiente. A expectativa pelo Office para iPad era grande logo que o tablet da Apple apareceu, em 2010.

Quatro anos depois, a maioria dos usuários já encontrou outras opções para substituir o Office. Muitos fazem apresentações com o Keynote, o app que a Apple inclui gratuitamente nos novos iPhones e iPads. Novos apps como Haiku Deck e Prezi também disputam esse espaço.

Documentos são escritos no Google Docs e em outros aplicativos na nuvem, tornado o Word desnecessário. O OneNote há muito tempo perdeu espaço para o Evernote, o app de anotações mais popular entre usuários de tablets e smartphones.

O Excel ainda é insubstituível para alguns profissionais. Seus recursos avançados para cálculos e análise de dados não têm paralelo em outros aplicativos de planilha.


Mas a maioria dos usuários de Excel só emprega uma pequena parte do que o aplicativo oferece. Para essas pessoas, um app simples como o Numbers, da Apple, ou o Quick Office, do Google, pode resolver o problema.

Um fator que pesa contra o Office para iPad é o preço. A Microsoft já oferece apps do Office para iPhone e smartphones com Android. Mas, para usá-los, é preciso ter uma assinatura do Office 365, que custa desde 209 reais por ano. É provável que essa exigência seja mantida nas versões para tablets.

A Apple distribui de graça seus aplicativos da série iWork (Pages, Numbers e Keynote) para quem compra um iPhone ou iPad. Google Docs e Quick Office também são grátis e os apps alternativos para iOS e Android são baratos. O preço raramente passa de 10 dólares.

Então, é provável que só usuários que realmente necessitam dos recursos avançados paguem para ter o Office no tablet. Nesse caso, o pacote da Microsoft viraria, com o tempo, uma ferramenta especializada para profissionais, sem a popularidade que teve no passado.

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