Ciência

Nobel: Serge Haroche, explorador do estranho mundo quântico

O próprio físico francês diz ser um cientista que desafia "a intuição clássica"


	Serge Haroche, 68 anos, vencedor do Nobel de Física deste ano: o cientista ficou surpreso pelo prêmio
 (Christophe Lebedinsky/AFP)

Serge Haroche, 68 anos, vencedor do Nobel de Física deste ano: o cientista ficou surpreso pelo prêmio (Christophe Lebedinsky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2012 às 13h23.

Paris - O físico francês Serge Haroche, 68 anos, que dividiu o Prêmio Nobel de Física com o americano David Wineland, é um explorador do estranho mundo quântico, um cientista que desafia, segundo ele, "a intuição clássica".

O físico declarou nesta terça-feira que estava um pouco surpreso com o anúncio, ao ponto de ter que se sentar em um banco quando recebeu a ligação na França da Academia Real de Ciências da Suécia.

"É alguém extremamente entusiasta, dinâmico, interessado em muitas coisas, como a música, a literatura", indicou à AFP Claude Cohen-Tannoudji, professor honorário do Collège de France, que Haroche foi um dos primeiros alunos. "É um homem que tem qualidades científicas e humanas notáveis", acrescentou.

Especialista em física atômica e óptica quântica, Haroche já havia recebido em 2009 a Medalha de Ouro do CNRS.

Primeiro envolvido com a matemática, Haroche se aproximou rapidamente das ciências físicas. "Eu estava fascinado pelo fato de que a natureza pode ser entendida por leis matemáticas, e fui rapidamente atraído para a física, que acrescenta à matemática uma questão essencial: o real", contou em 2009.

Seus trabalhos permitiram estudar e ilustrar experimentalmente alguns dos postulados da mecânica quântica que desafiam a intuição. Eles procuram compreender a transição do mundo quântico para o mundo macroscópico da vida cotidiana, um fenômeno de "decoerência" que as experiências com fótons de cativeiro, as indescritíveis partículas de luz, ajudaram a "levantar voo".


Os átomos e fótons constituiram o princípio orientador de sua carreira científica: "Eu ainda estou empenhado em realizar experimentos de laboratório envolvendo átomos e fótons em situações 'exóticas', que normalmente não encontramos na natureza".

"Esta é uma pesquisa que parece a muitas pessoas muito esotérica e altamente técnica", explicou, lembrando, porém, que os transístores, o laser ou a ressonância magnética nuclear, a base da RM (ressonância magnética), são "tecnologias que foram desenvolvidas graças ao conhecimento do mundo quântico".

Nascido em 11 de setembro de 1944 em Casablanca, Haroche estudou na École Normale Supérieure (ENS), onde completou a sua tese sob a orientação de Claude Cohen-Tannoudji.

Ao sair da ENS, integrou o CNRS. Professor na École Polytechnique, professor na Universidade de Paris VI e membro do Instituto da França, também ensinou durante nove anos na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

Nomeado em 2001 professor do Collège de France da disciplina de física quântica, Haroche lideou o grupo de eletrodinâmica dos sistemas simples no laboratório Kastler Brossel do Departamento de Física da ENS.

O pesquisador é um forte defensor da investigação fundamental, "a pesquisa com base em pura curiosidade".

Serge Laroche é membro da Academia de Ciências, da Academia Europeia das Ciências e membro associado da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.

Casado, é pai de duas crianças.

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