A Microsoft anunciou que vai apresentar esta semana sua apelação contra decisão da Comissão Européia (CE), emitida em março, que condenou a empresa a pagar uma multa de 608 milhões de dólares por "abuso de sua posição dominante no mercado", informa hoje (7/6) o Financial Times. A CE determinou ainda que a Microsoft compartilhe informações com seus rivais e torne disponível ao mercado europeu uma versão do Windows sem o programa Media Player.

A réplica da empresa é que os itens da condenação não se justificam, especialmente por causa da competição do sistema operacional Linux no mercado de servidores. De acordo com o jornal, o comissário europeu para a defesa da concorrência, Mario Monti, sustenta que para impedir o sufocamento da competição, a Microsoft deve licenciar os protocolos de comunicação entre servidores (seja qual for seu sistema operacional), e PCs rodando com o Windows.

Tempo para negociar

A estratégia legal da empresa comandada por Bill Gates envolve, além da apelação com cerca de 100 páginas, o pedido de uma medida liminar, que será feito nas próximas semanas, para suspender a aplicação imediata das sanções determinadas pela CE. Especialmente porque o caso, afirma o FT, pode se arrastar por até seis anos.

A Microsoft, caso seja bem-sucedida na busca da liminar, ganharia tempo para negociar um acordo com o órgão europeu de defesa da concorrência e desestimularia nova ação movida por Monti, cujo alvo, agora, é o Windows XP.

Fusão com a SAP

A Microsoft, que vale 280 bilhões de dólares, revelou nesta segunda-feira que no final do ano passado manteve contatos com a alemã SAP, com valor de mercado de 51 bilhões de dólares, sobre a possibilidade de fusão.

De acordo com o Financial Times, a informação chocou a indústria mundial de tecnologia. Ainda que a SAP afirme que as negociações foram interrompidas, e ambas as partes digam que não há intenção de retomar os entendimentos, apenas "exploratórios", o simples fato de que cogitem uma fusão desta magnitude representa uma radical mudança de comportamento da Microsoft e o prenúncio de uma nova fase de consolidação dos negócios de tecnologia.

A SAP é a terceira companhia independente de software do mundo, atrás da Microsoft e da Oracle. Na avaliação do americano The Wall Street Journal, as conversas são um indício de que o lento crescimento no mercado de software corporativo está forçando velhos inimigos e unir forças, mesmo enquanto lutam pelos mesmos clientes.